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São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira (18), para contestar medidas restritivas adotadas nos estados do Rio Grande do Sul, Bahia e no Distrito Federal. O argumento é que a decretação de medidas como “toque de recolher” seria de competência exclusiva do Executivo Federal.
A justificativa da ação, segundo Bolsonaro, é preservar a “autonomia financeira” das pessoas, mesmo diante do agravamento da doença no país e o colapso do sistema de saúde em diversos estados.
“Mesmo em casos de necessidade sanitária comprovada, medidas de fechamento de serviços não essenciais exigem respaldo legal e devem preservar o mínimo de autonomia econômica das pessoas, possibilitando a subsistência pessoal e familiar”, diz a ação direta de inconstitucionalidade (ADI) impetrada pela Advocacia-Geral da União (AGU).
Durante transmissão ao vivo pelas redes sociais nesta quinta (17), Bolsonaro investiu contra os governadores. “O cara bota ali toque de recolher. Isso é estado de defesa, estado de sítio que só uma pessoa pode decretar: eu”, afirmou o presidente.
‘Aliado do vírus’
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), afirmou que vai acionar a Procuradoria Geral do Estado (PGE) para contestar a ação do governo federal. Ele disse, contudo, que acredita que o STF vai decidir a favor da “vida e da ciência”. Em entrevista ao portal G1, Costa afirmou que essa decisão demonstra que Bolsonaro é “aliado do vírus”.
“O presidente da República reafirma com sua postura, sua conduta, que ele é o principal aliado do vírus no Brasil. A sua conduta indica que ele é o principal aliado da onda de mortes que acontece em todo o país. A sua conduta reafirma que ele é responsável pela economia estar praticamente paralisada no país inteiro, pelo comércio estar fechado, pelo crescimento do desemprego”, declarou o governador baiano.
Da mesma forma, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), também reagiu à investida de Bolsonaro, classificando como “sem sentido” a ação movida no STF. “Os decretos não têm nada de inconstitucionais e foram editados dentro da competência a mim estabelecida na própria constituição e na lei”, declarou à CNN.
No Rio Grande do Sul, o procurador-geral do estado, Eduardo Cunha da Costa, disse que ainda não foi notificado pelo Supremo. O sistema de saúde gaúcho colapsou há duas semanas, com mais de 100% de ocupação nos leitos de UTI.
Repercussão
Para o médico e advogado sanitarista Daniel Dourado, ao investir mais uma vez contra as medidas de restrição, Bolsonaro assume formalmente sua estratégia na pandemia. “Fica evidente a intenção de sujeitar a população a condições de vida que provocam sua destruição. Isso tem nome. Esse mesmo: genocida”, declarou no Twitter.
De acordo com a advogada Eloisa Machado, professora da Direito Constitucional da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP), “não se sustenta” outro argumento utilizado por Bolsonaro, de que apenas idosos e pessoas com comorbidade deveriam permanecer em isolamento. Para tanto, seria necessária a realização de testes em massa. “Ao invés disso, deixou testes perderem validade”, destacou.
Fonte: RBA