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Crédito: CCOMSEx
Como parte das ações do Exército Brasileiro voltadas para a valorização da dimensão humana e para o culto aos valores e às tradições, a Portaria C Ex – nº 1.659, de 16 de dezembro de 2021, instituiu o General de Divisão Djalma Poly Coelho como Patrono do Serviço de Topografia e estabeleceu o dia 17 de outubro, data de seu nascimento, como o Dia do Serviço de Topografia do Exército.
Filho de José Manoel da Silva Coelho e de Amália Poly Coelho, nasceu no ano de 1892, na cidade de Curitiba (PR). Estudou no Colégio Militar do Rio de Janeiro, onde ocupou o posto de comandante-aluno em 1909. Ingressou na Escola de Guerra do Realengo (RJ) em 1911, sendo declarado aspirante a oficial no ano de 1914. Passou a integrar as fileiras do então Serviço Geográfico Militar ainda como 1º tenente, permanecendo nele até alcançar o posto de general. Após a Primeira Grande Guerra, foi apresentado às mais modernas técnicas aerofotogramétricas e de produção cartográfica da época, que contribuíram sobremaneira para o aprimoramento do seu conhecimento técnico-profissional e para o enfrentamento dos desafios que a carreira lhe reservava.
Analisando o contexto histórico que resultou no atual Serviço de Topografia, a publicação das “Instruções para a Constituição, a título de experiência, do Quadro de Sargentos Topógrafos da Comissão da Carta Geral da República”, no Boletim do Exército nº 404, de 5 de setembro de 1921, pode ser considerada o embrião de sua criação. Esse Quadro previa um efetivo de 32 sargentos topógrafos, que ficou completo apenas em 1924. Em 1932, com a extinção da Carta Geral e a criação do Serviço Geográfico do Exército (SGE), ele foi extinto, e os militares continuaram prestando serviço na 1ª Divisão de Levantamento (1ª DL), em Porto Alegre (RS) ou foram transferidos para o SGE, sediado no Rio de Janeiro (RJ).
Em 1940, o Serviço Geográfico criou o anteprojeto “Instruções Reguladoras do Quadro de Auxiliares Técnicos do Serviço Geográfico do Exército”, com o objetivo de suprir as necessidades de pessoal técnico, acrescentando dispositivos ao decreto-lei que criou o “Quadro Técnico do Exército”. As especialidades propostas foram as necessárias ao bom funcionamento do Serviço Geográfico, tais como topógrafos, restituidores, desenhistas cartógrafos, fotógrafos, impressores e mecânicos de precisão, dentre outros, que seriam admitidos na graduação de sargento com a possibilidade de ascensão até o posto de 2º tenente. O Ministério da Guerra encaminhou a documentação ao Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), órgão do governo Vargas que regulava a contratação, a seleção e o aperfeiçoamento de pessoal para o funcionalismo público, que, em 1943, deu parecer desfavorável à criação do Quadro proposto por considerar que a função poderia ser exercida apenas por civis.
Em 1941, durante a Segunda Grande Guerra, foi criado o Destacamento Especial do Nordeste (DEN), julgado indispensável e urgente para melhorar e completar a documentação cartográfica existente sobre os estados de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e parte do Ceará, nos quais seria mais provável a ocorrência de acontecimentos defensivos, ofensivos ou de ordem militar. Poly Coelho chefiou o destacamento entre 1941 e 1945, inicialmente no posto de tenente-coronel, e verificou, pessoalmente, a necessidade de contar com pessoal técnico na organização e no levantamento dos trabalhos de campo. Graças aos esforços de um grupo do SGE, do qual ele era o maior expoente, foi formalizada a criação do “Quadro de Topógrafos do Serviço Geográfico do Exército” por meio do Decreto-Lei nº 8.445, de 27 de dezembro de 1945.
A destacada iniciativa para essa concretização motivou a merecida homenagem que estabeleceu o General Poly Coelho como Patrono do Serviço de Topografia, reverenciado por todos os demais topógrafos do Brasil.
Foi Diretor do Serviço Geográfico no período de 26 de março de 1946 a 18 de abril de 1951, acompanhando a efetiva implementação do Curso de Topógrafos, inicialmente denominado Período de Adaptação ao Quadro de Topógrafos (PAQ TOPO). O curso contou com praças de diversas graduações e funcionou, simultaneamente, na 1ª DL e na sede do SGE. Em 1969, o curso foi transferido para a Escola de Instrução Especializada (EslE), onde permaneceu até o fim de 2010. No ano seguinte, passou a funcionar na Escola de Sargentos de Logística (EsSLog).
Em sua trajetória como integrante do Exército de Caxias, merece destaque, ainda, a nomeação do General Poly Coelho, em novembro de 1946, para presidir a “Comissão de Estudos para a Localização da Nova Capital do Brasil”, com a finalidade de ratificar os levantamentos efetuados pela Missão Cruls no final do século XIX.
Com os avanços tecnológicos e as novas demandas da Força Terrestre e da sociedade brasileira por geoinformação, a formação e a carreira do topógrafo militar têm se revestido de singular importância. Sua atuação vai muito além da simples prática da topografia e abrange áreas como a geodésia, a cartografia, a computação aplicada, a fotogrametria e o processamento digital de imagens. Mesclando o conhecimento clássico com as novas tecnologias, esse profissional segue o caminho da adaptação e do autoaperfeiçoamento, cada vez mais ágil e preciso, atuando nos mais diversos rincões da Nação para cumprir sua nobre missão. Com o mesmo espírito dos pioneiros e com o exemplo de seu insigne patrono, os integrantes do Serviço de Topografia seguem se aprimorando. Seja atuando nos Centros de Geoinformação, em prol da missão de mapear o Brasil, foco da Diretoria de Serviço Geográfico, seja labutando nas diversas frentes de trabalho do Sistema de Engenharia, o topógrafo segue o azimute, marcando o ponto e transferindo a coordenada, não importando a dificuldade do terreno e da tarefa.
Salve o Serviço de Topografia!
Brasília-DF, 17 de outubro de 2022