Empresário, pais, advogado e um policial estão sendo denunciados pela prática de associação criminosa e estelionato

Golpistas que realizavam vendas fraudulentas de veículos foram denunciados pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) pelos crimes de associação criminosa e estelionato. Os denunciados são o empresário Diego Aparecido Francisco, junto com os pais, um advogado e um policial civil.

A denúncia do MPMS foi protocolada pelo promotor de Justiça, Eduardo Fontecielha de Rose, da 2ª Vara Criminal de Dourados, na última sexta-feira (9). Os denunciados, além de ser condenados à prisão, podem ser obrigados a pagar R$ 2,5 milhões para reparação dos danos causados com os golpes.

Em 2021, o grupo usou uma empresa do ramo alimentício, cuja ocupação principal era o comércio de bebidas, para transparecer idoneidade. A empresa era de fachada para negócios fraudulentos de venda de veículos, registrada no nome da mãe do empresário.

O líder do grupo era Diego, que chefiava as negociações dos veículos e tinha a responsabilidade de entregar os automóveis aos vendedores.

O grupo negociava um veículo de menor valor e cumpria pequenos acordos para ganhar a confiança das vítimas. Depois, negociavam um valor alto, não cumpriam com o acordo e pegavam o valor do veículo negociado e não entregavam a vítima.

Diego chegou a movimentar R$ 6 milhões na conta bancária de um dos vendedores. Ele passava os veículos para os vendedores comercializarem, mas após oito meses os automóveis não eram mais entregues. 

Os pais de Diego participavam das reuniões, acompanhados do filho. Já o suposto advogado realizava cobranças e estava com frequência no estabelecimento. 

O policial, acompanhado de Diego, usava seu cargo público para passar informações privilegiadas, como veículos, boletins de ocorrência e vítimas. Além disso, ele auxiliava os denunciados, desestimulando as vítimas a denunciarem o esquema criminoso, quando tentavam reaver os valores pagos.

A primeira vítima teve prejuízo de R$ 1,4 milhão ao pagar e não receber um Porsche, um caminhão e uma SW4. O criminoso alegava que, para que os veículos fossem liberados, era preciso regularizar alguns documentos, embolsando assim R$ 100 mil. 

A mesma vítima recebeu um cheque sem fundos de Diego, no valor de R$ 450 mil, “visando mantê-lo em erro enquanto não entregava os veículos comprados”, diz a denúncia.

A segunda vítima foi um garagista que comprou seis veículos, mas recebeu apenas três. Ele perdeu R$ 520 mil. A terceira vítima foi um empresário que ficou sem receber um caminhão de R$ 285 mil. A ação criminosa foi feita entre novembro de 2021 e agosto do ano passado. 

Em depoimento, Diego negou os golpes, mas confirmou que as vítimas tiveram prejuízos. O primeiro teria ficado sem R$ 350 mil na conta do empresário. Sobre os cheques sem fundos, ele alegou que chegou a emitir dois cheques de R$ 400 mil, mas que não tiveram fundos porque não conseguiu vender uma fazenda.