Nos quatro primeiros meses do ano, o dólar disparou 35,51%, em razão da falta de confiança na economia brasileira
O dólar voltou a fechar uma sessão em alta nesta quinta-feira, alavancado pelo exterior, mas encerrou a semana em queda de mais de 4%, ao fim de um período marcado por alguma trégua nos temores quanto à permanência de Paulo Guedes no governo e pelo reforço nas intervenções cambiais do Banco Central.
A desvalorização na semana, contudo, apenas reduziu o ganho acumulado em abril —quarto mês seguido de alta. O suporte externo ao dólar se somou à escalada dos ruídos políticos domésticos, que, embora amenizados, ainda são vistos como persistentes.
O real terminou o mês com o segundo pior desempenho global (-4,48%), à frente apenas da lira turca (-5,4%). Outras divisas emergentes também perderam, mas em menor intensidade, como rand sul-africano (-3,6%) e peso mexicano (-1,7%).
As divisas emergentes de forma geral destoaram de outras divisas sensíveis ao sentimento de risco global. O dólar australiano, por exemplo, saltou mais de 6% no período.
No dia 24 de abril, data em que Sergio Moro anunciou sua saída do governo, o dólar disparou a uma máxima histórica nominal intradiária de 5,7491 reais.
“Pressões de alta deverão continuar em curso enquanto a moeda seguir acima das máximas de março e do começo de abril”, disseram analistas do Commerzbank. As máximas do começo de abril e do mês de março estão perto de 5,33 reais e de 5,20 reais, respectivamente.
Para o Credit Suisse, o dólar deverá passar agora por um “longo período de consolidação”, antes de retomar sua tendência de alta. Estrategistas do banco citam indicadores técnicos, como o índice de força relativa em território “pesadamente sobrecomprado” e medidas de “momentum” de prazo mais curto “esticadas”.
“Vemos resistência inicialmente na atual máxima histórica, de 5,7475 reais, que pode limitar (nova alta) por enquanto. Posteriormente, contudo, esperamos finalmente uma fuga desse limite e uma retomada da tendência principal de valorização, com o próximo nível na barreira psicológica de 6,0000 reais”, concluíram.
A moeda norte-americana terminou a sessão no mercado à vista com ganho de 1,55%, a 5,4380 reais na venda.
Na semana, a cotação caiu 4,06%, mas ainda encerrou abril com valorização de 4,69%.
Nos quatro primeiros meses do ano, o dólar disparou 35,51%.
Em leilões realizados em abril, o BC liquidou um total de 6,792 bilhões de dólares em swaps cambiais tradicionais com data de início neste mês, maior volume do ano.