Segundo a corporação, homicídios foram motivados pelas atividades de fiscalização ambiental e garantia dos direitos indígenas promovidas pelo indigenista

A PF (Polícia Federal) concluiu na 6ª feira (1º.nov.2024) e enviou à Justiça o inquérito sobre o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, em 5 de junho de 2022, nas proximidades da terra indígena Vale do Javari (AM). 

A investigação apontou que os homicídios foram motivados pelas atividades de fiscalização ambiental promovidas por Bruno Pereira na região. Ele atuava em defesa da preservação ambiental e da garantia dos direitos indígenas. 

Ao longo de 2 anos, 9 pessoas foram indiciadas pela PF, incluindo Rubén Dario da Silva Villar, conhecido como Colômbia, apontado como o mandante do duplo-homicídio. Em julho, o traficante foi preso pela PF durante as investigações sobre o caso de Dom e Bruno. Já em outubro, foi solto com uma fiança de R$ 15.000, no entanto, voltou à prisão depois de descumprir algumas determinações de liberdade provisória.

Segundo o inquérito, ele forneceu os cartuchos usados no assassinato e financiou a organização criminosa responsável pela ocultação dos corpos. Os outros 8 indiciados participaram da execução dos homicídios e da ocultação dos cadáveres.

A PF também revelou também a existência da organização criminosa ligada à pesca e caça predatórias na região. As ações do grupo causaram impactos socioambientais, ameaças a servidores de proteção ambiental e indígenas locais. O líder, Colômbia, está preso desde 2022.

A Polícia Federal informou que continua monitorando os riscos aos habitantes da região e que possui investigações em andamento sobre ameaças contra indígenas da localidade.

A reportagem ainda não conseguiu contato com a defesa de Villar, que já tinha sido indiciado pelo mesmo motivo em janeiro de 2023, quando a PF divulgou que tinha identificado a maioria das pessoas envolvidas no assassinato.

CASO BRUNO E DOM

Pereira e Phillips foram mortos a tiros em 5 de junho de 2022, em Atalaia do Norte, no Amazonas, quando visitavam comunidades próximas à Terra Indígena Vale do Javari, a 2ª maior área do país destinada ao usufruto exclusivo indígena e que abriga a maior concentração de povos isolados em todo o mundo.

Colaborador de publicações jornalísticas prestigiadas, como os jornais britânico The Guardian e os estado-unidenses The New York Times e Washington Post, Dom Phillips, 57 anos, viajou à região com o propósito de entrevistar lideranças indígenas e ribeirinhos para um novo livro-reportagem sobre a Amazônia que planejava escrever.

Embora falasse português fluentemente e já tivesse visitado a região outras vezes, Phillips viajava na companhia de Pereira por este ser um experiente indigenista Pereira. Com 41 anos de idade, estava licenciado da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) desde fevereiro de 2020, por questões políticas, e atuava como consultor técnico da organização não governamental Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari).

Mesmo licenciado da Funai, Pereira continuou contrariando interesses de grupos que ameaçam o bem-estar e a integridade de parte da população local. Na Univaja, auxiliava na implementação de projetos para permitir às comunidades tradicionais proteger seus territórios e os recursos naturais neles existentes.


Com informações da Agência Brasil