Deportados dos EUA reclamavam do calor dentro do equipamento em Manaus e acionaram trava para abrir porta, o que é proibido e coloca todos em risco
Nas imagens divulgadas na internet, é possível ver vários brasileiros sobre a asa do avião, protestando.
Em entrevista a jornalistas, o passageiro deportado Carlos Vinícius de Jesus, da cidade de Vespasiano (MG), diz o seguinte: “A hélice não estava funcionando, ele não ligavam o ar-condicionado. Tivemos que abrir as portas. Tinha criança passando mal, tinha senhores de idade. Eu tive que subir em cima da hélice”. Na realidade, o brasileiro se confundiu ao dizer que fixou sobre a hélice do avião. As imagens mostram que os que protestaram estavam sobre a asa.
Outro passageiro do grupo dos deportados, Jefferson Maia, relata ter sido agredido por um dos agentes da imigração dos EUA. Dá a entender que a agressão foi com o agente o agarrando pelo pescoço em reação aos protestos dentro do avião quando o equipamento fazia a escala em Manaus. “Até que conseguiram tirar a trava de segurança [da porta de emergência] e saímos para fora, pela asa do avião”, relata Jefferson.
DEPORTAÇÕES
Nos Estados Unidos, porém, quando alguém fica sob a custódia do Estado por ter cometido uma infração –inclusive ter entrado no país ilegalmente–, o procedimento padrão é ser algemado ao ser transportado de um local para outro.
Não importa a gravidade do delito: todos precisam ter os movimentos limitados. Em alguns casos, as algemas são colocadas nos pulsos e nos tornozelos de quem está detido. Isso é feito para proteger os agentes policiais de eventuais ataques das pessoas presas –inclusive durante voos.
Como em Manaus foi uma aeronave da FAB que continuou o trajeto até Belo Horizonte, os deportados já estavam sob jurisdição brasileira e não seria mais necessário usar algemas nem seguir os procedimentos legais dos EUA. A rigor, a ordem do Ministério da Justiça apenas expressou algo que já aconteceria de qualquer forma.
Segundo apuração do Poder360, os deportados são brasileiros que, em sua maioria, foram presos nos EUA por estarem no país de forma irregular e não podem mais recorrer à Justiça norte-americana.
ACORDO
Estas deportações são parte de um acordo firmado em 2018, durante o governo do então presidente Michel Temer (MDB), com início em 2019. Ou seja, não têm relação com as medidas assinadas pelo republicano.
Conforme mostrou o Poder360, o governo de Joe Biden (Partido Democrata) deportou mais brasileiros do que os de Barack Obama (Partido Democrata) e de Donald Trump. De 2021 a 2024, foram deportados 7.168 brasileiros, o que corresponde a 1,31% do total de deportações, que somaram 545.252.