São Paulo – O IBGE divulgou, nesta quarta-feira (16), o Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios do Brasil de 2018 e os dados revelam uma desigualdade profunda entre cidades, além da concentração de riqueza. O levantamento mostra que apenas oito municípios somaram quase 25% do PIB nacional.
Além disso, quase metade da riqueza produzida no país foi gerada por 71 municípios, o que representa apenas 1,3% das 5.570 cidades brasileiras. Das oito que somam os 25%, estão São Paulo com 10,2%; Rio de Janeiro com 5,2%; Brasília com 3,6%; Belo Horizonte com 1,3%; Curitiba com 1,2% e, com 1,1% cada, Manaus, Porto Alegre e Osasco (SP).
Outro dado que chama a atenção é que 49% das cidades têm a administração pública como principal atividade econômica. Fausto afirma que essa característica mostra que as riquezas locais são produzidas pelo Estado, que ocupa um espaço na produção e distribuição de riqueza.
“Mais do que ver o dado apenas como a administração pública como principal setor econômico, é preciso compreender como a lógica organizada do fundo público é fundamental para enfrentar a desigualdade do mercado, que concentrou boa parte da riqueza e do dinamismo econômico no Sudeste e Sul do país”, explica o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Junior, no Jornal Brasil Atual.
Estado combate a desigualdade
As cidades do Rio de Janeiro, Maricá, Niterói e Campos dos Goytacazes, obtiveram o maior o ganho de participação no PIB do país em 2018: 0,2%. O O IBGE aponta que esse avanço está ligado às atividades relacionadas à extração do petróleo. O diretor técnico do Dieese lembra que a coordenação do setor, no Brasil, é responsável por políticas públicas importantes, que interferem na elevação do PIB, evidenciando a importância da participação do Estado na geração de riqueza.
“O governo Bolsonaro está desmontando ações que garantiam distribuição de riqueza, por meio das estatais, e é improvável que o mercado caminhe para uma descentralização econômica. Se não houver políticas públicas para desenvolver algumas regiões do país, não haverá mudança”, aponta.
O especialista alerta que a concentração de riqueza também interfere geograficamente, com o acúmulo de pessoas nas grandes cidades. “Essa aglomeração cria outros problemas econômicos e sociais, como o acesso ao deslocamento e a serviços públicos. Isso é culpa do modelo de desenvolvimento do país, que nunca olhou para algumas regiões”, lamenta.
Fonte: RBA