Marcos Oliveira/Agência Senado

Após deixar o Republicanos na semana passada, o senador Flávio Bolsonaro (RJ) decidiu se filiar ao nanico Patriota. A informação foi confirmada nesta segunda-feira, 31, pelo presidente do partido, Adilson Barroso, que tenta também atrair o pai de Flávio, o presidente Jair Bolsonaro, para a sigla. “Vamos receber o mais novo filiado, um dos mais novos filiados ao Patriota”, declarou o dirigente partidário durante evento da legenda. Por videoconferência, Flávio esteve presente na reunião

“Uma grande honra para mim, Adilson, porque me sinto como fundador desse partido também. Ainda quando a legenda se chamava PEN, o senhor me procurou e construímos a várias mãos o novo estatuto do partido que foi refundado com o nome Patriota. Nome que participei diretamente da escolha, participei diretamente da escolha da logomarca, da construção deste estatuto”, afirmou o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro.

A ação de filiar de Flávio Bolsonaro é considerada um indicativo de que o partido deve filiar o presidente Jair Bolsonaro. Durante a reunião, o presidente do Patriota, Adilson Barroso, não escondeu o desejo de receber o presidente da República. “Vamos ser grandes. Ele (Bolsonaro) vem hoje para o partido sem pedir uma bala. Aqui no Patriota ele confia em mim e não quer nada de nós”, disse Barroso.

Apesar da fala do dirigente partidário de que Bolsonaro não fez exigências, o comando da legenda pretende fazer intervenções e mudar diretórios estaduais do partido para abrigar o grupo político de Bolsonaro. Essa ação tem forte resistência do deputado federal Fred Costa (Patriota-MG) e do vice-presidente da sigla, Ovasco Costa. “Sou contra o golpe rasgando o regimento”, declarou Fred ao Estadão.

O senador Flávio Bolsonaro elogiou o comando do Patriota pela disposição de mudar os diretórios estaduais. “Fico feliz de ver que muitos estão deixando a vaidade de lado, o posicionamento dentro do partido de lado em prol realmente dos princípios que estão escritos no estatuto que ajudei a colocar”.

Desde que saiu do PSL, em 2019, Jair Bolsonaro já abriu diálogo com nove partidos, mas até agora nenhum deles aceitou lhe dar carta-branca. Além disso, o presidente não conseguiu tirar do papel o Aliança pelo Brasil, agremiação que queria fundar para disputar novo mandato, em 2022.

Antes da campanha de 2018, Bolsonaro chegou a ser apresentado como candidato à Presidência pelo Patriota, então chamado de Partido Ecológico Nacional – PEN. Mas a única ligação entre o então deputado e a sigla foi uma ficha “pré-datada”, com a filiação marcada para o dia 10 de março de 2018, assinada por Bolsonaro. À época, ele afirmou que “deve ter casamento, mas ainda é um noivado”.

O presidente queria que o seu ex-braço-direito Gustavo Bebianno – que virou ministro, mas foi demitido e virou rival – assumisse o comando durante a disputa, o que não foi aceito pelo presidente do partido, Adilson Barroso. Ele chegou a afirmar que Bolsonaro teria sido “envenenado” por Bebianno e que ele queria tomar o “partido inteiro para o grupo de Bolsonaro”.

“Fiz das tripas coração para tê-lo com a gente, mudei o nome do partido, mexi no nosso estatuto, dei mais de 20 diretórios para o grupo dele. Mas você não pode ser convidado para entrar em uma casa e depois querer tomar ela inteira para você, expulsando seus moradores originais”, afirmou o dirigente em janeiro de 2018. Em dezembro de 2017, Bolsonaro passou a negociar com o PSL, partido pelo qual disputou e venceu a eleição.

Em mais de uma ocasião, o presidente disse que queria ser “dono” de uma sigla. “Estou namorando outro partido, tá? Onde eu seria dono dele; (seria) como alternativa, se não sair o Aliança”, afirmou Bolsonaro, em 8 de março, ao conversar com apoiadores, no Palácio da Alvorada.

De lá para cá, ele já estabeleceu vários prazos para anunciar seu novo partido, mas as negociações emperraram. O vice-presidente do PSL, Antonio Rueda, é quem está à frente das conversas entre Bolsonaro e a legenda, mas nada foi adiante. A avaliação no governo é de que Rueda fez várias promessas de entregar o comando do PSL a Bolsonaro, mas recuou na hora de se comprometer, mesmo porque o deputado Luciano Bivar (PE), presidente do PSL, veta qualquer acordo nesse sentido.

Bolsonaro deixou o PSL em novembro de 2019 após desavenças com Bivar. O principal motivo para a saída foi a briga por causa do controle do caixa da legenda. Em 2018, o PSL se tornou uma superpotência partidária ao eleger o presidente da República, 54 deputados, quatro senadores e três governadores, na esteira do bolsonarismo. Com isso, o partido deve ter neste ano a maior fatia dos recursos públicos destinados a partidos, de R$ 103,2 milhões.

Para voltar à sigla, Bolsonaro cobrou um “alinhamento ideológico” com pautas do governo e a expulsão de deputados que o atacam, como Júnior Bozzella (SP), Julian Lemos (PB), Joice Hasselmann (SP) e Delegado Waldir (GO). Até o momento, Luciano Bivar, não aceitou nenhuma destas condições.

Fonte: midiamax