São Paulo – O Brasil ultrapassou as 525 mil mortes pela covid-19. Nas últimas 24 horas, foram registradas 695 vítimas, além de 22.703 novos casos de infectados. Até o momento, o painel do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) aponta 18,8 milhões de contágios. Os números sofrem de subnotificação, já que o Brasil não adotou uma política nacional de combate à covid-19, e não realizou testagem em massa.
Os números de hoje (5) também são defasados, já que às segundas-feiras e aos domingos existe um represamento de dados. Isso se dá em boa parte pelo número reduzido de profissionais de medicina diagnóstica atuantes aos fins de semana. Contudo, existe uma tendência de recuo ou estabilidade do surto no país. A última semana foi marcada por um declínio de mortes e casos. Especialistas apontam que, sem isolamento social e políticas de controle do vírus, a queda se dá pelo avanço da vacinação no país.
Na última semana, foram notificados 10.852 mortos e 355.131 contaminados por covid-19. Embora o contágio siga elevado para padrões mundiais, foi o período com menos vítimas desde a última semana de fevereiro (10.104), e com menos infectados desde a segunda semana daquele mês (329.374). A redução de mortes e de internações é mais evidente entre as faixas etárias mais avançadas, ou seja, de pessoas já imunizadas com duas doses de alguma vacina, ou em processo de espera pela segunda.
Negacionismo
Desde o início da pandemia, o governo Bolsonaro negligenciou o combate ao vírus, ridicularizou mortes, promoveu aglomerações, desestimulou o uso de máscaras. Além disso, divulgou mentiras sobre a covid-19 e, mesmo com a realidade se impondo, Bolsonaro pouco recuou em sua posição negacionista. Ao contrário, segue divulgando desinformação.
Entre os alvos das mentiras do presidente, estão as vacinas. Bolsonaro está sob investigação por ter prevaricado na proteção à vida dos brasileiros. Ele negou por meses negociar imunizantes, enquanto o mundo corria atrás das farmacêuticas. Além disso, passou a atacar de forma sistêmica a segurança e a eficácia dos imunizantes existentes; especialmente a CoronaVac, desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.
Segurança
O presidente negou parceria para garantir a vacina aos brasileiros e adotou postura de difamador por interesses políticos, já que é ideologicamente oposto ao governo chinês e entrou em disputa com seu ex-aliado João Doria (PSDB), governador de São Paulo. A questão entre os dois são as eleições de 2022. De acordo com pesquisa CNT/MDA divulgada hoje, ambos têm as maiores taxas de rejeição, com 62% dizendo que não votariam em Bolsonaro de jeito nenhum e 58% em relação a Doria.
Diferentes estudos realizados no Brasil e também em outros países que adotam a CoronaVac apontam para sua alta eficiência no combate à covid-19. Embora o imunizante apresente uma eficácia global relativamente baixa, de 50,38%, ele vem demonstrando ser um dos mais efetivos para impedir a morte dos vacinados. Ou seja, a pessoa possui chances de se infectar, até 49,72% em caso de contato, mas a doença evoluirá de forma leve. Estudos apontam para redução de mortes acima de 95%, chegando à totalidade em algumas amostragens.
Responsabilização
Além do descaso e do negacionismo, a gestão Bolsonaro está imersa em escândalos de corrupção envolvendo a compra de vacinas. A CPI da Covid aponta para caminhos sombrios do governo durante o período. Outros casos de corrupção do governo também começam a vir à tona, envolvendo, por exemplo, o esquema conhecido como “rachadinha”. Diante do cenário nebuloso, cresce o movimento que pede seu impeachment. Entre os descontentes, estão movimentos sociais e políticos de diferentes espectros ideológicos.
Também hoje, a Rede Brasileira de Mulheres Cientistas, aliada a entidades como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), lançou o manifesto #ResponsabilizaçãoJá. A entidade pede a responsabilização pelas mais de 525 mil mortes decorrentes da covid-19 no Brasil. Há fartas evidências de que partes significativas destas mortes poderia ser evitada. A criminosa condução do governo federal na pandemia destruiu a vida de milhares de brasileiras e brasileiros (…) De forma deliberada e perversa, o governo federal dificultou o acesso às vacinas e às medidas básicas de segurança, como distanciamento social e uso de máscaras”, afirmam.
Fonte: RBA