Manifestação contra Jair Bolsonaro em Lisboa (Foto: @RedeInfoA)

Centenas de políticos, ativistas, nomes da arte e da cultura de Portugal subscrevem abaixo-assinado contra Jair Bolsonaro

Nesta quarta-feira (28), através de uma live nas redes sociais, foi apresentado o documento “Manifesto Portugal denuncia Bolsonaro Genocida”, que reúne assinaturas de centenas de entidades da sociedade civil portuguesa, bem como nomes do meio político, acadêmico, das artes e da cultura do país europeu.

Fazem parte da iniciativa entidades como a Casa do Brasil de Lisboa, Coletiva Maria Felipa, Coletivo Alvorada de Aveiro, Coletivo Andorinha – Frente Democrática Brasileira de Lisboa, Solidariedade Brasileira (Porto) e Vozes no Mundo – Frente pela Democracia no Brasil (Coimbra).

“O Governo de Bolsonaro é denunciado internacionalmente por descumprir convenções internacionais de que o Brasil é signatário, bem como é visível o desacato à Constituição brasileira. As notícias mais recentes revelam tentativas de superfaturamento na compra de vacinas, num quadro de grande atraso no processo de imunização”, diz um trecho do manifesto, que cita não só a maneira temerosa com a qual Bolsonaro tratou a pandemia, como também os ataques a povos indígenas, violações de direitos humanos e criminalização de ativistas.

“Os fracassos na condução da política econômica são uma evidência com aumento do custo de vida e desemprego. As pessoas pobres e negras são as mais atingidas. A desconstrução violenta das políticas de proteção ambiental tem levado o país a um verdadeiro ecocídio e envolve riscos concretos à vida de quem se opõe”, afirmam ainda as personalidades portuguesas em outro trecho do manifesto.

A live de lançamento do documento contou com a participação, entre outros nomes, da deputada portuguesa Beatriz Dias, da antropóloga Susana de Matos Viegas e da atriz brasileira-portuguesa Joana de Verona.

Além deles, marcaram presença na transmissão ao vivo o ex-chanceler brasileiro, Celso Amorim, o ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT) e representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O ator brasileiro Chico Diaz foi o responsável por ler o manifesto.

Assista a live aqui.

Leia, abaixo, a íntegra do documento

Nós, abaixo assinados, manifestamos nossa solidariedade ao povo brasileiro e extrema preocupação com o projeto de destruição nacional realizado pelo Governo de Jair Bolsonaro.

A gestão da pandemia de Covid19, responsável por mais de meio milhão de pessoas mortas no Brasil, é a face mais visível de um trágico empreendimento que inclui a destruição de ecossistemas e a venda de patrimônio nacional, o desejo de aniquilação de culturas e povos originários, ataques aos direitos humanos, às populações indígenas e quilombolas, a criminalização de ativistas e de movimentos sociais, além da perseguição aos grupos mais oprimidos, como as mulheres e a população LGBTQI+.

Desde o início da pandemia, a política negacionista do Governo Bolsonaro demonstrou o desprezo do presidente e de seus apoiadores para com a gravidade da situação e pela dor de quem chora a perda dos seus.

Discursos minimizando os efeitos do vírus (“é uma gripezinha”), incitando o ajuntamento de pessoas, desprezando o uso das máscaras, travando uma luta política com os que defendiam ações fundamentadas em informações científicas contra a pandemia, são publicamente conhecidos.

Soma-se a isso o gasto público na promoção de remédios ineficazes e a recusa sistemática da compra de vacinas. É evidente o projeto genocida do Governo Bolsonaro, presente não só em suas declarações, mas também na adoção de medidas que facilitaram a propagação do vírus, em completa desconsideração para com a vida de milhares de brasileiros e brasileiras. Os números são alarmantes. A fome avança e a insegurança alimentar já atinge mais da metade dos lares brasileiros.

Os fracassos na condução da política econômica são uma evidência com aumento do custo de vida e desemprego. As pessoas pobres e negras são as mais atingidas. A desconstrução violenta das políticas de proteção ambiental tem levado o país a um verdadeiro ecocídio e envolve riscos concretos à vida de quem se opõe.

O Governo de Bolsonaro é denunciado internacionalmente por descumprir convenções internacionais de que o Brasil é signatário, bem como é visível o desacato à Constituição brasileira. As notícias mais recentes revelam tentativas de superfaturamento na compra de vacinas, num quadro de grande atraso no processo de imunização.

Por isso, aliamo-nos aos protestos realizados em todo Brasil e em dezenas de cidades do mundo, clamando pelo apoio internacional pelo fim do genocídio e ecocídio em curso no Brasil.

Portugal, 28 de Julho de 2021

Signatários:
Adriana Grechi – Coreógrafa, produtora cultural.
Alexandra Lucas Coelho – Escritora.
Alina Folini – Artista
Álvaro Garrido – Professor universitário, Universidade de Coimbra.
Amaury Cacciacarro – Produtor cultural.
Ana Estevens – Geógrafa.
Ana Paula Tavares – Escritora.
Antónia Pedroso de Lima – Antropóloga, ISCTE-IUL/CRIA.
António Costa Pinto – Professor Universitário e comentarista político.
António Ferreira – Cineasta.

António Filipe – Partido Comunista Português; Vice-Presidente da Assembleia da República.
Beatriz Gomes Dias – Professora, Deputada do Bloco Esquerda.
Bianca Castro – Estudante, Atriz e Activista por Justiça Climática.
Boaventura de Sousa Santos – Professor Catedrático Jubilado da Universidade de Coimbra; Director Emérito do Centro de Estudos Sociais.
Carolina Dias – Produtora e realizadora audiovisual.
Catarina Martins – Deputada e coordenadora Nacional do Bloco de Esquerda.
Cleia Almeida – Atriz.

Cristiana Bastos – Investigadora, Universidade de Lisboa.
Cristina Roldão – Professora da ESE-IPS e investigadora do CIES-ISCTE.
David Serrão – Arquitecto.
Diana Andringa – Documentarista e ex-presidente do Sindicato de Jornalistas.
Diana Diegues – Ativista.
Eduardo Barroco de Melo – Deputado do Partido Socialista.
Evalina Gomes Dias – Ativista.
Fernando Nogueira – Professor e diretor do Mestrado em Planeamento Regional e Urbano, Universidade de Aveiro.
Fernando Rosas – Professor Universitário.
Francisco Louçã – Professor Universitário.
Gisela Casimiro – Escritora e artista.
Hans Eickhoff – Médico e ativista.
Hélder Mateus da Costa – Dramaturgo, encenador, director grupo de Teatro A Barraca.
Ilda Figueiredo – Presidente da Direção Nacional do Conselho Português para a Paz e Cooperação.
Isabel Araújo Branco – Professora Universitária e investigadora.
Isabel Moreira – Deputada do Partido Socialista.
Ivo Canelas – Ator.

Janita Salomé – Cantor e compositor.
Joacine Katar Moreira – Deputada e historiadora.
Joana de Verona – Atriz e realizadora.
Joana Moreira – Psicóloga.
Joana Mortágua – Deputada do Bloco de Esquerda.
João Baía – Sociólogo.
João Fiadeiro – Coreógrafo, curador e investigador.
João Luís Lisboa – Professor Universitário.
João Pina-Cabral – Antropólogo- ICS/UL.
José Barahona – Realizador.
José Carlos Mota – Professor Universidade de Aveiro
José Falcão – Dirigente SOS Racismo
José Filipe Costa – Realizador.
José Manuel Pureza – Professor universitário e deputado.
José Soeiro – Sociólogo e deputado.
José Zaluar Basílio – Professor Universitário.
Luca Argel – Músico.
Luís Mendes – Geógrafo, CEG/IGOT-ULisboa.

Luísa Tiago Oliveira – Historiadora, ISCTE.
Mamadou Ba – Dirigente do SOS Racismo Portugal.
Manuel Carvalho da Silva – Sociólogo; ex-Secretário Geral da CGTP-IN.
Manuel Pinto – Pesquisador da Universidade do Minho.
Márcio Laranjeira – Diretor criativo.
Maria Inácia Rezola – Historiadora.
Mário Nuno Neves – Cidadão
Miguel Vale de Almeida – Antropólogo, ISCTE-IUL/CRIA.
Nelson Peralta – Deputado da Assembleia da República Portuguesa pelo BE.
Nuno Domingos – Antropólogo.
Paula Godinho – Antropóloga e professora universitária.
Paulo Mota – Ator.
Paulo Raposo – Antropólogo e professor universitário.
Pável Calado – Professor universitário, Universidade de Lisboa.
Pedro Castro – Produtor Musical e Artista
Pilar del Río – Jornalista.
Rita Cássia Silva – Atriz, Antropóloga, Ativista.
Rita Natalio – Artista e investigadore
Sandra Monteiro – Jornalista.
Sara David Lopes – Programadora, directora do festival Olhares do Mediterrâneo – Women’s Film Festival.
Sérgio Campos Matos – Professor universitário.

Sérgio Dias Branco – Professor da Universidade de Coimbra.
Sérgio Godinho – Cantor e compositor.
Sérgio Tréfaut – Cineasta.
Susana de Matos Viegas – Antropóloga, ICS-ULisboa.
Susana de Sousa Dias – Realizadora.
Tathiani Sacilotto – Produtora Cinema
Tiago Mota Saraiva – Arquitecto e urbanista.
Vitorino Salomé – Cantor e compositor.

Associações e coletivos

Academia Cidadã.
A Coletiva – Coletivo Feminista
AIM – Alternative International Movement / secção portuguesa
ALCC -Associação Lusofonia Cidadania e Cultura
Alquimia Nómada.
(A)MAR pela Diversidade – São Miguel Açores
APPA, Associação do Património e População de Alfama
As Cores dos Açores
Associação Clube Safo
Associação José Afonso

Associação LGBTI Viseu
Associação Mulheres na Arquitectura
Associação Plano I para a Igualdade e Inclusão
Brasileiras Não Se Calam
BR Cidades em Portugal
Campanha ATERRA
Climáximo
Colombina Clandestina
Coletivo Afreketê
Coletivo Xis
Cooperativa Trabalhar com os 99%
Devagar Associação Cultural
Djass – Associação de Afrodescendentes
Espíritas à Esquerda
Fado Bicha
FeMafro
Feminismo Sob Rodas – Coletivo Feminista
Greve Climática Estudantil.
IPA – Associação para a Promoção da Igualdade
Movimento Antifascista do Porto

Movimento Morar em Lisboa
Núcleo Antifascista de Aveiro.
Núcleo do PT Lisboa
Plataforma Geni.
Plataforma Já Marchavas
Pride Azores
Queer As Fuck
QueerIST
Queer Tropical – Associação de Apoio à Comunidade LGBTQI+ Brasileira em Portugal
Rede para o descrescimento
SOS RAcismo

Transborda – Mostra Internacional de Artes Performativas de Almada.
UAP – União antifascista portuguesa
ULCC – União Lisboeta Carnaval e Cultura
Vizinhos de Arroios

Fonte: Revista Fórum