Foto: Iano Andrade e José Paulo Lacerda

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) revisou para baixo a previsão do Produto Interno Bruto (PIB) da indústria para 2021.

A nova previsão é de alta de 6,1% ante 6,9% feita em julho, de acordo com o Informe Conjuntural do 3º trimestre.

O PIB brasileiro deve se expandir 4,9%. Nesse caso, não houve alteração devido as expectativas mais favoráveis do setor de serviços, com o bom desempenho de tecnologia da informação, logística e serviços técnico-profissionais e com a expectativa de recuperação dos serviços prestados às famílias.

De acordo com o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, conforme o dia a dia da economia se reaproxima da normalidade, com o avanço da vacinação, fica evidente que o Brasil terá que lidar com problemas que já atrapalhavam a economia antes da pandemia e, ao mesmo tempo, lidar com os novos desafios trazidos pela pandemia

“Brasil realmente precisa das reformas tributária e administrativa e a manutenção do compromisso fiscal para seguir o caminho do crescimento consistente, capaz de aumentar o emprego e a renda das famílias.

Além disso, à incerteza fiscal se adiciona a política, acirrada com a proximidade do ano eleitoral, o que prejudica a confiança dos agentes econômicos, dado que previsibilidade é essencial para o investimento”, explica Robson Braga de Andrade.

A revisão para baixo do PIB industrial ocorreu pelo desempenho negativo da indústria de transformação no primeiro semestre.

A previsão é de que esse segmento cresça 7,9%, um ponto percentual a menos que os 8,9% previstos na versão anterior do Informe Conjuntural.

Na avaliação do gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, no segundo semestre de 2021 a indústria continuará a ser impactada pela falta e encarecimento dos insumos e pela elevação do custo da energia elétrica.

Além disso, a elevação dos juros para conter a inflação vai afetar de forma negativa os custos financeiros e o financiamento das empresas industriais.

“O aumento acumulado de custos compromete a competitividade dos produtos brasileiros e prejudica, em especial, a indústria de transformação, que concorre com produtos importados no mercado doméstico e enfrenta concorrência de outros países em suas exportações”, explica.

Inflação é, atualmente, o maior destaque entre os desafios imediatos da economia

A inflação é, atualmente, o maior problema, surpreendendo negativamente mês após mês e provocando elevação da taxa de juros.

São vários os fatores afetando a inflação:

desorganização das cadeias de suprimentos gera pressão sobre os preços de bens industriais; crise hídrica eleva os custos com energia;

alta nos preços das commodities e a desvalorização da taxa de câmbio elevam os preços de alimentos e combustíveis; progressiva normalização do consumo de serviços pelas famílias eleva, aos poucos, os preços de serviços;

Em suma, todos os componentes do IPCA estão contribuindo pela alta da inflação, que recentemente chegou a dois dígitos em 12 meses.

Assim, a inflação deve manter-se em nível elevado até o final do ano e superar o teto da meta para 2021.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar 2021 em 8,9%, acima do teto da meta de inflação para 2021 (5,25%).

Contas externas contribuem positivamente para o PIB em 2021

A previsão é de saldo comercial positivo em US$ 78,1 bilhões em 2021. Há uma tendência de aumento no saldo da balança comercial em curso desde 2015.

O saldo positivo da balança comercial em 2021 é resultado de um crescimento expressivo das exportações, que vai superar o registrado pelas importações.

As exportações somaram US$ 189 bilhões, com crescimento de 37,4%, na comparação de janeiro a agosto de 2021 com igual período de 2020.

As importações somaram US$ 137 bilhões, com aumento de 34,4% na mesma base de comparação. Na comparação entre os oito primeiros meses de 2020 e 2021, o superávit da balança comercial de bens aumentou em US$ 16,4 bilhões.

O crescimento do valor das exportações brasileiras pode ser explicado pela alta de preços das commodities, que representam 51,1% da pauta exportada pelo Brasil; pelo câmbio depreciado, que estimula as vendas externas ao reduzir o preço dos produtos brasileiros em dólar; e pela recuperação da demanda global, consequência das políticas de estímulo fiscal e monetário e do avanço do processo de vacinação, principalmente dos principais parceiros comerciais do Brasil (China, Estados Unidos e Argentina)

Recuperação de serviços prestados às famílias e transporte aéreo devem aquecer o setor Trabalhadores usando equipamento de proteção e operando máquinas dentro de uma indústria de cosméticos A segunda onda da pandemia foi um entrave à retomada da atividade econômica.

O setor de serviços vem se recuperando a uma taxa superior à esperada no Informe anterior e já se encontra em patamar superior ao verificado antes da pandemia. Os dados dessazonalizados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do IBGE, mostram, em julho de 2021, uma atividade 3,9% maior que a de fevereiro de 2020.

O desempenho dos subsetores, no entanto, não é uniforme. Os serviços de tecnologia da informação têm o melhor desempenho em relação a antes da pandemia, seguidos dos serviços técnico-profissionais.

Também se destacam positivamente o transporte aquaviário e armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio.

Os serviços de tecnologia da informação se beneficiaram com as mudanças implementadas pelas famílias e pelos negócios em direção ao comércio online e ao atendimento à distância.

Já o transporte aquaviário tem se beneficiado pelo crescimento da cabotagem e pelo aumento na movimentação nos portos.

Por outro lado, ainda não se recuperaram da crise os serviços prestados às famílias e o transporte aéreo.

À medida que os efeitos da vacinação se consolidam, com queda nas internações e nas mortes relacionadas à covid-19, espera-se uma normalização gradual da economia, com retomada dos serviços prestados às famílias, e do transporte aéreo.

Caso o nível de atividade desses subsetores retorne ao nível anterior à pandemia, esse fator implicará em um crescimento adicional de 2,7% no setor de serviços de forma agregada e de 1,6% no PIB, dadas as suas participações na economia.

Não está claro se toda essa recuperação ocorrerá ainda em 2021 ou se estenderá para os primeiros meses de 2022.A segunda onda da pandemia foi um entrave à retomada da atividade econômica

Fonte: Dourados Agora