“Devemos acabar com essa infâmia”, declarou o secretário-geral da ONU, António Guterres, no Dia Internacional da Erradicação da Pobreza.
Em seu discurso, chamou atenção para o fato de que, pela primeira vez em duas décadas, a extrema pobreza está aumentando no mundo.
Guterres se referiu à crescente desigualdade social como a maior responsabilidade moral de nossos tempos, imposta diante das sequelas causadas pela pandemia de COVID-19, que empurrou 120 milhões de pessoas para a pobreza somente no ano passado.
O chefe da ONU apresentou uma metodologia tripla da recuperação global, que começaria com uma vontade política forte e parcerias para alcançar a proteção social universal até 2030.
O Dia Internacional da Erradicação da Pobreza foi declarado em 17 de outubro de 1987, quando mais de 100 mil pessoas se reuniram em Paris para honrar as vítimas da extrema pobreza, violência e fome.
Em mensagem divulgada, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, falou sobre o marco do Dia Internacional da Erradicação da Pobreza, no último dia 17 de outubro.
O chefe da ONU chamou atenção para o fato preocupante de que, pela primeira vez em duas décadas, a extrema pobreza está aumentando no mundo.
Guterres se referiu à crescente desigualdade social como a maior responsabilidade moral de nossos tempos, imposta diante das sequelas causadas pela pandemia de COVID-19, que empurrou 120 milhões de pessoas para a pobreza somente no ano passado.
“Uma recuperação desequilibrada está aprofundando ainda mais as desigualdades entre o Norte e o Sul globais.
A solidariedade está em falta – exatamente quando mais precisamos”, disse.
Batalha dupla
O secretário-geral enfatizou que a luta contra a pobreza também deve ser uma luta contra a desigualdade, que pode ser observada, por exemplo, no acesso às vacinas contra a COVID-19.
O abismo entre as condições dos países de adquirir os imunizantes permitiu a mutação do vírus e a circulação de novas variantes, condenando o mundo a milhões de mortes evitáveis e prolongando a desaceleração da economia, que pode custar trilhões de dólares.
Diante dos efeitos da recuperação desigual, Guterres manifestou que “devemos acabar com essa infâmia, enfrentar o endividamento e garantir o investimento na recuperação dos países com mais necessidade”.
Futuro melhor
O chefe da ONU apresentou uma metodologia tripla da recuperação global que começaria com uma vontade política forte e parcerias para alcançar a proteção social universal até 2030.
A primeira diretriz seria que, para uma recuperação transformadora que ponha fim nas desigualdades endêmicas estruturais que perpetuavam a pobreza antes da pandemia, o mundo precisa investir na requalificação de trabalho para o crescimento de uma economia verde.
Ele reiterou que “devemos investir em empregos de qualidade na economia do cuidado, o que promoverá mais igualdade e garantirá que todos recebam a dignidade que merecem”.
Empoderando as mulheres
O segundo ponto é que a recuperação deve ser inclusiva para que ninguém fique para trás.
O chefe da ONU acrescentou que a recuperação desigual está “aumentando a vulnerabilidade de grupos já marginalizados, e distanciando cada vez mais o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”.
“O número de mulheres em extrema pobreza supera em muito o de homens. Mesmo antes da pandemia, os 22 homens mais ricos do mundo detinham mais riqueza do que todas as mulheres da África – e essa diferença só aumentou.
Não podemos nos recuperar com apenas metade de nosso potencial”, disse o secretário-geral.
Guterres acrescentou que os investimentos econômicos devem focar em empreendedoras; na formalização do setor informal; na educação, proteção social, creches universais, saúde e trabalho decente; e na diminuição da divisão digital, incluindo sua mais profunda dimensão de gênero.
Construindo um impulso
O terceiro critério seria que, para construir um mundo resiliente, neutro em carbono e sem emissões, a recuperação precisa ser sustentável. O secretário-geral pediu a todos que ouçam aqueles que vivem na pobreza, corrijam situação de indignidade e rompam barreiras para a inclusão em todas as sociedades.
“Hoje e todos os dias, vamos nos dar as mãos para acabar com a pobreza e criar um mundo de justiça, dignidade e oportunidades para todas e todos.”
Ajudar no campo
O chefe do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Achim Steiner, falou de várias iniciativas em andamento que ajudam as comunidades.
Ele apresentou o Plano Estratégico do PNUD de 2022-2025, e o descreveu como “um pacto ousado que vai retirar 100 milhões da pobreza multidimensional”, enfrentando o cenário no qual “as pessoas que vivem na pobreza estão arcando com as crises das mudanças climáticas”.
Steiner indicou que o acesso à energia renovável é uma alavanca vital para a criação de trabalhos dignos e sustentáveis enquanto os países reduzem as emissões de carbono. Ele também falou do compromisso de trabalho ambicioso do PNUD com parceiros para fornecer a 500 milhões de pessoas acesso à energia acessível e limpa até 2025.
“Esforços como a Promessa Climática do PNUD são vitais e estão ajudando 120 países a reduzirem suas emissões enquanto impulsiona a resiliência das comunidades vulneráveis” e “ajudando a pôr fim à pobreza e definindo o futuro que vai balancear a necessidade das pessoas e do planeta”, completou o alto-funcionário do PNUD.
Renovando compromissos
O Dia Internacional da Erradicação da Pobreza foi declarado em 17 de outubro de 1987, quando mais de 100 mil pessoas se juntaram no Trocadéro, em Paris — mesmo local onde a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi assinada em 1948 —, para honrar as vítimas da extrema pobreza, violência e fome.
A pobreza foi declarada uma violação aos direitos humanos, confirmando a necessidade de garantir o respeito a esses direitos.
Os compromissos foram registrados em uma pedra comemorativa. Suas réplicas foram colocadas ao redor do mundo, incluindo o jardim da central da ONU em Nova Iorque.
Desde então, pessoas se reúnem todos os anos no 17 de outubro para mostrar sua solidariedade aos pobres.
Fonte: Dourados Agora