Lucro líquido gerencial recorrente da instituição ficou um pouco acima das projeções
Enquanto a economia do país desaba, o Itaú Unibanco, maior banco da América Latina, registrou lucro líquido gerencial recorrente de R$ 6,779 bilhões no terceiro trimestre deste ano. De acordo com dados divulgados pela instituição nesta quarta-feira (3), a alta é de 34,8% na comparação anual e de 3,6% frente ao segundo trimestre.
Segundo consenso Refinitiv, a projeção era de que o Itaú registrasse um lucro de R$ 6,73 bilhões no período, alta de 2,9% na comparação com o segundo trimestre.
Já o lucro líquido contábil do banco, por sua vez, ficou em R$ 5,780 bilhões, uma alta de 28,7% em um ano, mas 23,5% menor na comparação com o segundo trimestre.
A carteira de crédito total do conglomerado chegou a R$ 962,3 bilhões, alta de 13,6% na comparação anual, e de 5,9% em base trimestral. O crescimento foi puxado pela carteira direcionada a pessoas físicas, que subiu 27,8%, para R$ 303,7 bilhões.
A carteira para micro, pequenas e médias empresas subiu 19,4%, para R$ 146,3 bilhões. Já a carteira para grandes empresas teve avanço mais tímido, de 11,4%, para R$ 295,1 bilhões.
Já o índice de inadimplência total do banco, considerando os atrasos acima de 90 dias, ficou em 2,6%, acima do verificado há ano (2,2%) e também no fechamento de junho de 2021 (2,3%).
O retorno recorrente sobre o patrimônio líquido – indicador que mede como os bancos investem os recursos de seus acionistas, chamado de ROE – foi de 19,7%, alta de 4 pontos percentuais ante o terceiro trimestre de 2020 (15,7%) e leve melhora de 0,8 ponto porcentual sobre o período entre abril e junho deste ano.
O índice de inadimplência 90 dias, por sua vez, ficou em 2,6%, alta de 0,4 ponto porcentual em um ano (de 2,2%) e de 0,3 ponto porcentual ante segundo trimestre (de 2,3%).
O presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho, afirmou no documento de apresentação dos números que “nossa agenda prioritária de transformação cultural e digitalização vem mostrando avanços importantes”. Em relação à concorrência com fintechs, como o Nubank, o executivo destacou “o contínuo crescimento dos canais digitais” no relacionamento com os clientes, além da plataforma iti, que chegou a 10 milhões de clientes.
“Ainda há muito trabalho pela frente, mas esses indicadores são bastante animadores, pois comprovam que estamos no caminho certo”, afirmou o executivo.
Economia desaba
As políticas econômicas do governo Bolsonaro, alinhadas com os interesses de parcela do setor financeiro, têm servido para aumentar a pobreza e a miséria no país. Resultado disso, é que o país voltou a figurar no mapa da fome.
Para piorar o que já era ruim, surgiu o coronavírus, que levou o mundo, consequentemente, à pandemia. Soma-se a isso, a completa ausência de políticas do governo federal voltadas à parcela mais pobre da sociedade brasileira.
Diante desse quadro de ruína, o setor de alimento, nos últimos 12 meses, foi o que registrou a maior alta, que ficou entre 20% e 40% desde o início da pandemia. Hoje, a inflação oficial está um pouco acima de 10%.
FMI
Enquanto isso, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu em outubro a estimativa de crescimento da economia brasileira para 2021 e 2022. Segundo a agência, a estimativa para o ano que vem é de crescimento de 1,5%, redução de 0,4 ponto percentual em comparação com a projeção anterior, divulgada em julho (1,9%).
Para este ano, o Fundo também revisou a expectativa de crescimento: no relatório de julho o havia expectativa de crescimento de 5,3%, agora foi para 5,2%.
No mesmo período, dados do Banco Central (BC) afirmam que o endividamento das famílias brasileiras atingiu picos recordes e já representa 59,9% da renda média anual. É o maior patamar desde o início da série histórica do BC, em 2005.
A inflação alta e a perspectiva de um aperto maior de juros devem afetar ainda mais o orçamento familiar e se tornar um limitador adicional à retomada do crescimento da economia brasileira.
Os dados do BC apontam para o comprometimento mensal de renda das famílias com o pagamento de juros e prestações – incluindo dívidas mais longas, tais como financiamento imobiliário, e outras de curto prazo, como carto de crédito ou parcelamento de compras, chegou em 30,9% em agosto.
Com informações do Estadão Conteúdo