Desafios de logísticas na cadeia de fornecimento de transporte marítimo induzidos pela pandemia, como falta de equipamentos e contêineres, serviços menos confiáveis, portos congestionados e valores de frete mais caros, ainda são um entrave para a recuperação econômica global.
Um novo relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) revela que a pandemia expôs e aumentou os desafios existentes no transporte naval. Ele estima que os efeitos indiretos da crise terão um longo alcance e podem transformar o setor.
De acordo com o documento, o comércio marítimo contraiu 3,8% em 2020, mas se recuperou e tem uma estimativa de crescimento de 4,3% para este ano.
Para a agência da ONU, a recuperação socioeconômica global vai depender de um transporte marítimo inteligente, resiliente e sustentável e um esforço global de vacinação contra a COVID-19.
A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) afirmou, em relatório publicado na última quinta-feira (18), que, apesar do impacto da pandemia da COVID-19 no comércio marítimo ter sido menos severo que o esperado no ano passado, os efeitos indiretos terão um longo alcance e podem transformar o setor.
O comércio marítimo contraiu 3,8% em 2020, mas depois se recuperou e tem uma estimativa de crescimento de 4,3% para este ano, segundo o Relatório de Transporte Marítimo de 2021 da UNCTAD.
O estudo revelou que o cenário geral se mantém positivo, mas está sujeito a um crescente risco e incerteza, como pressões sem precedentes nas cadeias de abastecimentos globais, picos dramáticos em rotas de fretes e aumento dos preços afetando os consumidores e os importadores.
Desenrolar crítico da vacina – A agência declarou que a recuperação socioeconômica global vai depender de um transporte marítimo inteligente, resiliente e sustentável e um esforço mundial de vacinação contra a COVID-19, a fim de levar as doses para os países em desenvolvimento.
“Uma última recuperação vai depender da trajetória da pandemia, da capacidade de mitigação das situações adversas e do desenrolar da vacinação global. Os efeitos da crise da COVID-19 vão impactar, de forma mais severa, as pequenas ilhas em desenvolvimento e os países menos desenvolvidos”, afirmou a secretária-geral da UNCTAD, Rebeca Grynspan.
Desafios prévios expostos – A UNCTAD anunciou que a pandemia também expôs e ampliou os desafios existentes na indústria naval, principalmente, a escassez de mão de obra e as necessidades de infraestrutura.
A agência pediu uma ação urgente a fim de resolver a situação de milhares de navegadores que permanecem isolados no oceano devido à pandemia, às restrições de movimento, ao fechamento de fronteiras e à falta de voos internacionais, que afetaram a substituição de tripulantes e as repatriações.
O relatório defende que a indústria, os governos e as organizações internacionais devem garantir que os navegadores sejam designados como trabalhadores essenciais e vacinados de maneira prioritária.
Desafios de logística e taxas – A recuperação do comércio marítimo foi marcada pelos desafios de logísticas induzidos pela pandemia, como falta de equipamentos e contêineres, serviços menos confiáveis e portos congestionados. Os gargalos resultantes da cadeia de fornecimento têm impedido a recuperação econômica.
Desafios também existem no lado do abastecimento. Apesar de pedidos por novas embarcações de contêineres terem diminuído em 16% ano passado, companhias navais aumentaram os pedidos de novos navios para este ano em meio às limitações atuais de capacidade.
Sobretaxas, tarifas e taxas aumentaram temporariamente ainda mais após o encalhe do Ever Given, o enorme navio de contêineres que bloqueou o Canal de Suez em março, interrompendo o comércio global.
Segundo o relatório, as empresas marítimas se beneficiaram com o aumento das taxas de frete. A UNCTAD alertou que importações e preços aumentarão se o crescimento nas taxas de fretes de contêineres continuar.
Monitorando o mercado – A análise mostrou que os níveis do preço de importação global subiram por volta de 11%. Nos países insulares, que dependem do transporte marítimo para importação, essa elevação foi de até 24%.
Se a situação persistir, os preços vão crescer cerca de 1,5% em 2023. O aumento esperado nos países insulares é de 7,5%, enquanto que, nos países menos desenvolvidos, a estimativa é de 2,2%.
A UNCTAD destacou a necessidade de monitorar o comportamento do mercado e de garantir a transparência na definição de taxas, tarifas e sobretaxas.
O relatório também examinou como a pandemia acelerou as megatendências que podem transformar o transporte marítimo, como a digitalização e automação, as quais poderiam levar a mais eficiência e a uma redução dos custos.
Construindo resiliência climática – A indústria naval também está lidando com a adaptação e a resiliência climáticas, ainda que a necessidade urgente de descarbonização e a busca de combustíveis alternativos para reduzir as emissões venham a aumentar os custos.
A diretora de tecnologia e logística da UNCTAD, Shamika N. Sirimanne, disse que “ao expor as vulnerabilidades existentes nas cadeias de suprimentos, a pandemia definiu as necessidades de construção de resiliência e reacendeu o debate sobre globalização e cadeias de fornecimento futuras”.
Por ONU
Fonte: Dourados Agora