Desde a instituição da Lei 10.216 de 2001, (conhecida como a Lei de Reforma Psiquiátrica), que estabelece a necessidade de respeito à dignidade das pessoas com transtornos mentais, vem sendo um desafio nas cidades brasileiras. Dourados não é diferente. Apesar de existir os locais apropriados, como o Caps II (Centro de Atenção Psicossocial), Caps AD (Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e outras Drogas), e o PAI (Policlínica de Atendimento Infantil), os serviços deixam a desejar. A falta de condições de trabalho, carência de médicos e medicamentos, são as principais reclamações em Dourados. Quem sofre é a população mais pobre.

Um exemplo é o que relata o professor Antônio Hannah, que há três anos vem sofrendo com a filha portadora da microcefalia, além de outras comorbidades, como Síndrome de West (epilepsia infantil), cardiopatia, pneumonias e hipermetropia. Hannah, que também é presidente da Abraço – Associação das Famílias Atípicas, disse que tem feito interlocuções com autoridades municipais, no entanto, até o momento, nada foi resolvido. 

No PAI (Policlínica de Atendimento Infantil) faltam médicos, como neuropediatra. Ele relata que precisa se deslocar constantemente a Campo Grande porque em Dourados não possui médico especialista para tratar a filha. “A grande maioria depende do poder público para continuar se tratando. No entanto faltam médicos, remédios, e muitas vezes insumos e dietas”, disse, lembrando que têm crianças que correm sérios riscos, inclusive de atrofiarem os músculos devido à falta de assistência”. Ele informou que só um medicamento utilizado para o tratamento da filha custa R$ 800,00 a caixa, que vem adquirindo com recursos próprios e com a caridade das pessoas, já que o poder público não oferece.

Outro dilema é enfrentado por  M.M. Silva, ela tem um sobrinho portador de esquizofrenia, que depende de tratamento constante e medicamentos contínuos para evitar os surtos psicóticos. Todos os meses A.A.L tem que ser levado no Caps II, onde é tratado. A tia disse que o poder público não vem mais oferecendo os medicamentos. Cada caixa de 15 comprimidos do medicamento para evitar surtos custa, em média, R$ 120,00. São duas caixas por mês, fora outras medicações. “Estamos conseguindo adquirir a duras penas esses medicamentos, mas tem famílias que não conseguem comprar”, disse.

Câmara
A diretoria da Abraço  ainda aguarda uma resposta por parte da Prefeitura quanto ao problema, inclusive assunto já relatado na tribuna da Câmara de Vereadores, pelo presidente da entidade, professor Antonio Hannah. O presidente da Abraço se reuniu no ano passado, na Câmara, com o vereador Fabio Luis (Republicanos), oportunidade em que mostrou um relato de como a saúde pública em Dourados vem sendo desmontada ao longo de gestões. “Muitos desses gestores não se preocuparam com os cidadãos que, como contribuintes e principalmente como seres humanos, estão sendo, ainda, desrespeitados em seus direitos ao acesso gratuito ao sistema público de saúde”, definiu o professor.

Prefeitura
Segundo a Assessoria de Comunicação da Prefeitura, o município abriu quatro processos seletivos nos últimos seis meses para contratar médicos. A adesão dos profissionais ainda é baixa por causa do salário oferecido. No entanto, com o aumento do teto remuneratório no fim do ano, a prefeitura vai propor aumento do salário dos médicos na Câmara de Vereadores. O projeto deverá ser apresentado no final de fevereiro. Com isso acredita-se atrair mais médicos. 

A assessoria explica que quanto a médico de especialidades, como neuropediatra, por exemplo,  apesar dos processos seletivos, não aparecem candidatos interessados. Para se ter uma ideia, em Dourados, existe um médico desta especialidade, que não atende pelo SUS (Sistema Único de Saúde), apenas particular e a fila de espera é de três meses. Medicamento – A Assessoria de Imprensa explicou que já está para pregão a licitação para compra de medicamentos. A expectativa da prefeitura é que em 20 dias não faltem mais medicamentos para serem distribuídos pelo município.

Fonte: Dourados Agora