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A Federação Única dos Petroleiros (FUP) criticou nesta quinta-feira (24) a atuação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) diante da venda massiva de ativos da Petrobras durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). Na quarta-feira, o Cade decidiu prorrogar cronograma para venda de refinarias – medida considerada tardia pela FUP.

Levantamento revelado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/subseção FUP) aponta que, durante o governo Bolsonaro, entre janeiro de 2019 e fevereiro de 2022, foram vendidos 62 ativos da Petrobrás, no valor de US$ 33,9 bilhões. Esses ativos envolvem diferentes setores de atuação da empresa – campos de petróleo, distribuição e transporte de gás, refinarias, termelétricas e eólicas.

O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, afirmou que essa venda de ativos “trata-se do desmonte da maior empresa do Brasil em menor tempo já visto”. “Enquanto isso, o Cade permaneceu omisso”, lamentou.

Segundo o Dieese, foram feitos 74 teasers (anúncios de venda) nesse período, o que representa uma média de dois ativos anunciados por mês – o maior índice já registrado nos últimos dez anos. A entidade destaca que há ainda 34 ativos da Petrobrás à venda: campos de petróleo em terra e mar; participações em empresas petroquímicas; subsidiária em biocombustíveis (PBio); refinarias, entre outros.

De janeiro de 2013 a fevereiro de 2022, foram vendidos 93 ativos da Petrobras, sendo 79 no Brasil e 14 no exterior. “Do total de ativos privatizados, a grande parte, 67%, foi no governo Bolsonaro”, ressalta o economista Cloviomar Cararine, do Diesse.

O Diesse destaca que a venda de ativos não contribuiu para aumento de competição no mercado e redução de preços de combustíveis. Ao contrário, gerou monopólio regional privado, a exemplo do que ocorre na Bahia, que tem hoje a gasolina mais cara do Brasil. “Vender refinaria não gera concorrência; a não ser que o investidor fosse construir nova refinaria”, afirma Cararine.

“A venda de ativos da Petrobrás em 2021, no valor de R$ 25,5 bilhões, respondeu por um quarto do lucro da empresa no ano passado; ou seja, é uma empresa sendo desmontada e transformada em dividendos para acionistas”, criticou o economista,