Nos dez primeiros meses de mandato, o presidente levou a média do dólar a valores acima dos índices históricos sete vezes; novembro pode superar todas as médias
Apesar de Jair Bolsonaro ter falado em “metas para o dólar” durante as eleições e especuladores do mercado cravassem que a moeda ficaria com cotação inferior a R$ 3,50, caso ele se tornasse presidente, os números apresentados durante a gestão vão na direção contrária. O governo Bolsonaro bateu recordes nas médias mensais em sete dos dez meses já transcorridos e pode fechar novembro com a média mais alta da história da moeda, criada em 1994 com o Plano Real.
Nesta segunda-feira (25), a cotação do dólar alcançou o maior valor nominal para venda de sua história pela segunda vez em novembro: R$ 4,21. No dia 18 deste mês, o governo Bolsonaro bateu o primeiro recorde com R$ 4,207. Esse título não conta as correções inflacionárias, mas surpreende pelas críticas que o governo da ex-presidenta Dilma Rousseff sofreu com um dólar bem abaixo dos números de Paulo Guedes, ministro da Economia de Bolsonaro.
Quando analisadas as médias mensais dos dez primeiros meses de governo do ex-capitão, a média do dólar supera ou iguala os anos anteriores sete vezes. Segundo dados do IPEA Data, apenas em janeiro, fevereiro e julho a equipe econômica de Bolsonaro conseguiu fechar um mês abaixo dos registros mensais anteriores. Em agosto, a média aparece igual à de 2018 (R$4,12), apesar de outros levantamentos – como o do Instituto de Economia Gastão Vidigal (IEGV) – colocarem à daquele ano como inferior.
Evolução da média mensal do valor nominal para venda do dólar | Dados: IPEA Data
Se for levada em consideração tabela com dados do IEGV, o recorde mensal já é de Bolsonaro, com a cotação de agosto de 2019 em R$ 4,125.
Tabela: ACSP Serviços | Dados: IEGV
Considerando os dados das duas tabelas e as últimas cotações de novembro, este mês deve apresentar a maior média histórica mensal. A título de comparação: em novembro de 2018, a cifra (segundo as duas tabelas) ficou em R$ 3,79; em 2017, R$ 3,26; em 2016, R$ 3,34; em 2015, R$ 3,78. Nos meses prévios à aprovação do impeachment de Dilma na Câmara dos Deputados, o valor da moeda transitou entre R$ 3,78 e R$ 4,05 (janeiro/2016).
Em novembro de 2002, quando investidores desequilibraram os índices por causa da vitória eleitoral de Lula, o valor nominal ficou em R$ 3,58. No mês anterior, outubro de 2002, foi R$3,81, mas, mesmo assim, não supera os números nominais de Bolsonaro.
Fonte: Revista Fórum