Por ONU
A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou uma análise de políticas públicas na última sexta-feira (3), durante a cúpula ambiental Estocolmo+50, em que afirma que o apoio à saúde mental deve ser incluído nas respostas nacionais às mudanças climáticas.
A agência aponta que as mudanças climáticas representam sérios riscos para a saúde mental e o bem-estar das pessoas. Esta conclusão também foi divulgada em um relatório publicado em fevereiro pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que revelou que o aumento acelerado das mudanças climáticas é uma grande ameaça à saúde mental e ao bem-estar psicossocial, incluindo problemas como sofrimento emocional, ansiedade, depressão, luto e comportamento suicida.
Apoio – A diretora do Departamento de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da OMS, Maria Neira, disse que “os impactos das mudanças climáticas fazem cada vez mais parte do nosso cotidiano, e há muito pouco apoio dedicado à saúde mental disponível para as pessoas e comunidades que lidam com perigos relacionados ao clima e riscos de longo prazo”.
De acordo com esta análise de políticas, os impactos da mudança climática na saúde mental acontecem de forma diferente para cada pessoa afetada, dependendo de alguns fatores como status socioeconômico, gênero e idade. No entanto, a OMS disse que as mudanças climáticas claramente afetam muitos determinantes sociais, os quais já estão trazendo um grande peso para a saúde mental no mundo. Em uma pesquisa realizada em 2021 com 95 países, apenas nove incluíram saúde mental e apoio psicossocial nos planos nacionais de saúde e mudanças climáticas.
Proteção para pessoas em risco – A diretora do Departamento de Saúde Mental e Uso de Substâncias da OMS, Dévora Kestel, disse que o impacto das mudanças climáticas está agravando a situação já extremamente desafiadora para a saúde mental e os serviços de saúde mental no mundo. “Há quase um bilhão de pessoas vivendo com problemas de saúde mental, no entanto, em países de baixa e média renda, três em cada quatro não têm acesso aos serviços necessários”.
“Ao aumentar o apoio à saúde mental e psicossocial no âmbito da redução do risco de desastres e da ação climática, os países podem fazer mais para ajudar a proteger aqueles que estão em maior risco”, acrescentou.
A análise de políticas recomenda cinco abordagens importantes para os governos enfrentarem os impactos da mudança climática na saúde mental, assim como exemplos de países que já estão avançando nesta questão.
Prioridade na saúde mental – A OMS pediu aos governos que integrem as questões climáticas com os programas de saúde mental, associem o apoio à saúde mental com as ações climáticas e desenvolvam seus compromissos globais.
As autoridades também devem desenvolver abordagens baseadas na comunidade para reduzir as chances de vulnerabilidade e fechar a grande lacuna de financiamento que existe atualmente para a saúde mental e o apoio psicossocial.
O líder de clima da OMS e principal autor do IPCC, Diarmid Campbell-Lendrum, disse que os Estados-membros da OMS deixaram muito claro que a saúde mental é uma prioridade para eles. “Estamos trabalhando em colaboração com os países para proteger a saúde física e mental das pessoas contra as ações climáticas”.
Caminho a ser seguido – Entre os países pioneiros citados na análise estão as Filipinas, que reconstruíram e melhoraram os serviços de saúde mental após o tufão Haiyan em 2013, um dos ciclones tropicais mais fortes já registrados.
A Índia também ampliou a redução do risco de desastres e, além disso, preparou as cidades para responder aos riscos climáticos e atender às necessidades psicossociais e de saúde mental.
A análise de políticas da OMS foi divulgada no último dia da cúpula de Estocolmo, que comemora o 50º aniversário da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, a primeira conferência mundial a tornar o meio ambiente uma questão importante.
Em seu discurso de abertura na quinta-feira (2), o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu a todas as nações que trabalhem mais para proteger o direito humano básico a um ambiente limpo e saudável para todos.
Fonte: Dourados Agora