Moeda americana segue quebrando recordes e pode começar a ter impacto no preço de produtos como celulares, TVs, tablets, consoles e mais
Desde o início do ano, o dólar segue em alta galopante. A moeda americana saiu dos R$ 4 no início de janeiro e desde então tem quebrado recordes, chegando ao seu ponto mais baixo nesta quinta-feira (5), quando foi negociado por R$ 4,66 ao longo do dia antes de fechar em R$ 4,61. Isso pode ter alguns reflexos na próxima vez que você for às compras por um novo produto eletrônico.
O primeiro impacto é simples: muito do que consumimos aqui é importado e já vem montado de fora. Isso inclui aparelhos como celulares, tablets, notebooks, TVs e consoles de videogame que precisarão ter seu preço reajustado porque sua importação vai custar mais caro.
No entanto, isso também afeta outros produtos que tem a produção local. Mesmo que o produto finalizado tenha sido montado no Brasil, muitas peças ainda precisam ser importadas, e o custo será repassado ao consumidor final de qualquer maneira. O impacto pode ser menor, mas ele ainda deve ser sentido.
Vale notar que empresas que lidam com importações, como é o caso das marcas de eletrônicos, já contam normalmente com uma margem de segurança justamente para que uma flutuação cambial não force o reajuste constante de preços. No entanto, isso tem um limite. Quando a moeda desvaloriza em 15% em três meses, as margens podem não ser suficientes.
Também é importante perceber que cada categoria de produtos pode sofrer impactos diferentes. Isso porque quando se trata dos produtos mais baratos, como, por exemplo, um smartphone de entrada, a fabricante costuma operar com margens pequenas para proporcionar o menor preço possível ao consumidor e lucrar com o volume de vendas. Neste tipo de produto, o impacto da alta do dólar e aumento no custo dos componentes deve ser sentido mais rapidamente.
No entanto, quando se fala em produtos mais caros, faixa do mercado na qual a concorrência não é tão pesada, o impacto é diferente. Como o volume de aparelhos vendidos é menor, as empresas trabalham com margens maiores, dando às fabricantes mais liberdade para absorver a variação cambial sem operar com prejuízo. Ou seja: TVs, celulares e outros aparelhos mais caros sofrem menor pressão pela alta do dólar.
Existe mais um cenário que pode encarecer os produtos que venham a ser completamente montados no Brasil mesmo em um cenário no qual todos os componentes sejam 100% nacional. Neste caso, as empresas podem começar a inflacionar seus produtos como uma forma de aumentar suas margens se perceberem que todos os concorrentes também estão subindo seus preços. Pode ser um impacto indireto da alta do dólar.