O
primeiro passo de um projeto político corajoso do PSDB foi dado em 2021: eleger
um desconhecido como sucessor do governador Reinaldo Azambuja em Mato Grosso do
Sul. Logo de saída, a primeira complicação: lutar contra 3 concorrentes com
muita musculatura. Mas Eduardo Riedel (PSDB) partiu dos 3% de popularidade
entre os eleitores e venceu com 56,9% dos votos.
Coordenador
da campanha tucana, Sérgio de Paula (PSDB) diz que foi o processo mais difícil
que já enfrentou. “Todo mundo queria o poder, não deu para unir partidos”.
Ele
atribui a vitória à fórmula que, segundo ele, nunca deu errado. “Temos
estratégia criada por um grupo unido. Cumprimos tudo que prometemos, em um
governo municipalista, então a gente plantou e colheu: fidelidade. A gente
atendeu a população do Estado. O Reinaldo fechou o governo com aprovação
recorde, Tínhamos 73 prefeitos nos apoiando, dezenas de vereadores, grandes
deputados e uma gigante que foi a Tereza Cristina”.
Mas
assim que o nome de Riedel foi colocado como pré-candidato, a reação não foi
das melhores. “O povo chegava e dizia: ‘Sérgio, vocês são loucos, ninguém sabe
quem é esse cara’”, lembra.
Mesmo
assim o partido não teve dúvidas. “Pesquisas internas mostraram para o grupo
que a população queria alguém sério, competente, novo na política e honesto.
Esse é o Riedel. A primeira coisa foi convencer ele de sair da Segov e ir para
a Seinfra (Secretaria de Estado de Infraestrutura). A gente precisou projetar
ele”.
Para
quem via só as pesquisas eleitorais oficiais, o resultado foi surpreendente. O
tucano superou o ex-governador André Puccinelli (MDB) e sua legião de fãs, o
ex-prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad (PSDB) e a deputada federal mais
votada das últimas eleições, Rose Modesto (União Brasil).
O
que chama atenção são alguns feitos inéditos. Além da disparada no segundo
turno, Riedel foi o primeiro sucessor eleito por um governador, venceu nas 4
maiores cidades do Estado: Capital, em Dourados, Corumbá, Três lagoas e Ponta
Porã.
Chegou
ao 2º turno ao lado de um azarão, o Capitão Contar (PRTB). “Nós chegamos a
crescer 1% ao dia. Mas aí veio um grande baque da campanha, quando em um debate
nacional, Bolsonaro falou que apoiava Contar. Tivemos dois dias para reverter
isso. Aí o presidente entendeu que foi pressionado no debate a dizer que
apoiava o capitão. Mas logo foi justo e anunciou que aqui apoiava os dois”.
A
ironia é que em um segundo debate, desta vez regional, Riedel abriu vantagem.
“Ali no debate da TV Morena ficou claro que era um professor contra um aluno. O
concorrente (Contar) estava completamente perdido. Os indecisos foram todos
para o lado do Riedel”.
Para
o bancário que chegou a Mato Grosso do Sul após transferência do Banco Real, a
carreira nos bastidores da política nunca falhou em momentos cruciais. Sérgio
de Paula saiu de São Paulo, chegou a Fátima do Sul, foi para Dourados e ali
começou com Humberto Teixeira (ex-prefeito da cidade), depois, a pedido do
falecido Lúdio Coelho (ex-prefeito de Campo Grande), seguiu coordenando
campanhas.
Repetiu
hoje o que fez lá atrás: ajudou a eleger um desconhecido como prefeito de Maracaju:
Reinaldo Azambuja. “O Reinaldo tem uma vantagem incrível. Ele sabe ouvir e
atender as pessoas coletivamente. É incrível, quando Reinaldo coloca o pé no
chão, ele ganha voto”.
Como
estratégia é tudo em qualquer projeto, no primeiro turno o foco foi no interior
e no segundo os 3 principais nomes do PSDB nesta disputa se dividiram.
“Reinaldo e Barbosinha (vice) foram para o interior e o Riedel focou na
Capital”.
Na
opinião de Sérgio, apesar de Riedel pensar muito parecido com Reinaldo, “ele
terá condições de fazer um governo ainda melhor, porque pega um Estado
equilibrado, saneado, além de ter um vice que é uma potência e vai colaborar
demais, o Barbosinha (José Carlos Barbosa – atualmente deputado estadual do
PP)”.
Outra
vantagem foi a “solidão” na fase final da campanha. “Ele não fez composição com
nenhum concorrente para ganhar, todos ficaram do outro lado. Então, não tem
compromisso com ninguém”.
Para
Sérgio de Paula outra conquista regional foi sair das eleições de 2022 no grupo
dos tucanos mais fortalecidos do País. “Proporcionalmente, o PSDB de Mato
Grosso do Sul é o mais forte do Brasil. O partido fez 3 governadores e um é o
nosso. Elegemos 6 deputados estaduais e 3 federais. Temos o reconhecimento
nacional pelo trabalho que fazemos há anos, renovando nossas lideranças”,
comemora o ex-presidente do PSDB estadual.
Agora,
depois da transição, Sérgio de Paula diz que vai descansar, assim como Reinaldo
Azambuja. Mas em 2026 a dobradinha Sérgio e Reinaldo deve se repetir na eleição
para o Senado. “Acho que ele tem isso nos planos futuros”, comenta.
CREDITO:
CAMPO GRANDE NEWS