A costura de um acordo entre lideranças no Congresso e o governo eleito para desidratação da PEC da , com redução do prazo de validade de dois para um ano, embalou uma onda de redução de prêmios de risco nos ativos domésticos nesta terça-feira (20) e fez o dólar flertar com fechamento abaixo da linha de R$ 5,20, voltando a níveis vistos no início de dezembro

Tirando uma alta limitada e pontual no início dos negócios, o dólar operou em baixa durante o dia. A possibilidade de enxugamento da PEC – que amplia o teto de gastos em R$ 145 bilhões – já havia circulado ontem e ganhou contornos mais concretos ao longo da sessão. Não por acaso, a moeda renovou mínimas à tarde, descendo até R$ 5,1765 (-2,50%), justamente quando vieram de Brasília sinais mais firmes de avanços nas discussões para aprovação de uma PEC mais enxuta e reconfiguração do Orçamento após o Supremo Tribunal Federal (STF) barrar o chamado “orçamento secreto”.

“O mercado está tentando antecipar muito o que pode ser o governo do PT. Uma notícia boa como uma PEC de prazo menor traz um alívio pontual e faz o mercado tirar um pouco do prêmio de risco”, afirma o CIO da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig, ressaltando que o quadro ainda é de incerteza sobre a política fiscal “O perfil do governo e do Congresso é de gastar mais e ainda é preciso discutir a nova regra da política fiscal. Não dá para ficar animado porque cada dia é uma notícia nova e ainda tem muita água para rolar embaixo da ponte”.

 

No início da tarde, o deputado Claudio Cajado (PP-BA) trouxe a informação de que, em acordo com líderes partidários, o prazo da PEC seria reduzido para um ano. Cairia também o trecho que prevê retirada de empréstimos internacionais do teto. Já os recursos antes abarcados pelo orçamento secretos seriam redirecionados parcialmente para emendas individuais e discricionárias.

Logo em seguida, o mercado absorveu a notícia de que o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, teria confirmado o prazo de um ano. A assessoria de imprensa do petista desmentiu a informação e disse que jornalistas haviam se enganado. Na sequência, o líder do PT na Câmara, deputado Reginaldo Lopes (MG), disse que já havia sido batido o martelo em torno do período de um ano de validade. A perspectiva é que a PEC entre na pauta da Câmara hoje para depois voltar ao Senado. Com o acerto na divisão dos recursos do orçamento secreto, a aposta é em aprovação célere da PEC nas duas casas.

Com ajustes técnicos nas últimas horas de pregão, o dólar reduziu um pouco o ritmo de baixa e encerrou o dia em queda de 1,93%, cotado a R$ 5,2066 – menor valor de fechamento desde 7 de dezembro. Principal termômetro do apetite de negócios, o contrato de dólar futuro para janeiro teve giro expressivo, superior a US$ 17 bilhões – o que sugere mudanças relevantes nas posições de investidores.

 

“Das moedas emergentes, o real é a que mais se valorizou contra o dólar nesta terça-feira. Esse movimento foi ditado pelo acordo para redução do prazo da PEC da Transição”, afirma o chefe da mesa de operações do C6 Bank, Felipe Novaes. “Outro fator que vem ajudando na melhora no preço dos ativos locais é uma sinalização de maior compromisso fiscal por parte do futuro ministro da Fazenda.”