Mato Grosso do Sul dobrará as exportações de grãos este ano pelo distrito portuário de Porto Murtinho com destino a Argentina, com projeção de chegar a dois milhões de toneladas (20% da atual safra de soja) em 2021. O terminal construído pela FV Cereais, que entrou em operação em 17 de março, deverá movimentar 500 mil toneladas nos próximos oito meses e realiza esta semana o primeiro embarque, de 29 mil toneladas.
O mesmo volume de carga para 2020 foi estimado pela APPM (Agência Portuária de Porto Murtinho), que promove o incremento das atividades do seu terminal e já realizou três embarques de soja para os portos argentinos. Para o próximo ano, somente a FV Cereais tem por meta a exportação de 1,5 milhão de toneladas, com a construção de mais um armazém para 30 mil toneladas, totalizando a capacidade estática em 60 mil toneladas.
O início das operações do novo terminal e a disposição da APPM em ampliar seus negócios, consolida a estratégia de potencialização da logística do Estado em relação ao transporte hidroviário, aponta o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck. Com dois novos projetos de terminais em curso, Porto Murtinho será a nova Paranaguá, além de eixo da Rota Bioceânica Atlântico-Pacífico.
“Esse foi o posicionamento que tomamos desde o início do governo Reinaldo (Azambuja). Em função de nossa ação e do PROEXP (Programa de Estímulo à Exportação ou à Importação pelos Portos do Rio Paraguai), os resultados vêm sendo colhidos ao longo desses anos” destaca o secretário. “Murtinho, pela sua posição estratégica, se tornou a melhor opção de exportação de commodities, onde o produtor terá um ganho adicional de dez dólares por tonelada”, afirma Verruck.
Para o empresário Peter Feter, sócio-proprietário do terminal da FV Cereais, a política de incentivos do Governo do Estado e os investimentos públicos em infraestrutura, que eram precárias na região, foram determinantes para atrair novo empreendedores hidroviários. “Os tradicionais portos que utilizamos estão saturados e Murtinho surgiu como a grande alternativa, com um incremento espetacular nos negócios, beneficiando a todos”, disse ele.
Mesmo com o advento da pandemia da coronavirus e atraso operacional do novo porto, em cumprimento a tramite legais de licenciamento, Feter está otimista quanto ao fluxo de cargas para este ano. “Iniciamos num momento crucial de mercado, com os argentinos vindo buscar nossa soja para garantir abastecimento, depois que o país aumentou os impostos. E o escoamento será feito por Murtinho, com bons preços e a melhor logística”, cita.
Movimento de cargas
A FV Cereais realiza esta semana dois embarques para a Argentina, com 29 mil toneladas da Cardil e 10 mil toneladas da companhia de commodities Glencore, com previsão de liberar mais três comboios em abril. O gerente do terminal, Osvaldo Anastácio Filho, informou que o baixo calado do Rio Paraguai também retardou a saída dos primeiros carregamentos, além dos ajustes tomados para enquadramento às normas sanitárias em relação ao coronavirus.
“O porto está operando normalmente, cumprindo os protocolos exigidos pelas autoridades, devendo dobrar o número de trabalhadores, de 40 para 80, na alta demanda”, explicou o gerente. O porto da FV Cereais tem capacidade para 30 mil toneladas, com uma correia de recepção de carga para 600 toneladas/hora, e investirá R$ 20 milhões na construção de um segundo armazém para operar em 2021. O total de investimento do grupo é de R$ 90 milhões.
Com a ampliação, o novo porto deve dobrar as exportações em 2021, embora a meta é atingir 1,5 milhão de toneladas, conforme explicou o empresário Peter Feter. A construção do contorno rodoviário, ligando a BR-267 ao distrito portuário, segundo ele, vai garantir o fluxo permanente de cargas. O terminal da APPM projeta um incremento de 200 mil toneladas para 2021, atingindo 700 mil toneladas. A unidade realiza esta semana o quarto embarque.
Com foco no turismo
O novo momento de Porto Murtinho, com a expansão portuária, agrega um empreendimento privado de R$ 16 milhões que dará suporte e controle do fluxo de cargas: o Terminal de Triagem Mecari, que conta com um pátio para estacionamento rotativo de 400 caminhões. O sistema, situado ao lado da BR-267, próximo à entrada da cidade, também entrou em operação em março e projeta ampliação para atender a demanda da Rota Bioceânica.
O terminal já controla a entrada de caminhões, evitando filas e desconforto para os motoristas e população no perímetro urbano, e mantém obras em execução. O restaurante está em fase final de montagem, com capacidade para 250 pessoas e ambiente requintado. “Isso aqui vai bombar, vamos trabalhar também com o turismo”, diz o arrendatário Paulo Frazili. “O investimento é pesado, só de equipamentos de ar temos 360 mil Btus”, completa.
Fonte: Dourados Agora