O toque de recolher, das 22h às 5h, tem influenciado na queda do número de crimes em Dourados, desde que foi implantado por decreto em 23 de março. Segundo dados da Polícia Civil, em relação aos roubos em via pública a diminuição foi de quase 70%. Entre os dia 1º e 29 deste mês foram contabilizados 12 ocorrências, contra 34 no mesmo período do ano passado.

A baixa também foi notada nos números de roubos de forma geral, que envolvem esse tipo de crime em via pública, em comércio, em residência e em propriedade rural. Do dia 1º ao dia 29 deste mês foram registrados 17 boletins de ocorrência contra 43 no mesmo período do ano passado; uma redução de 65,3%.

O delegado da Delegacia Regional de Dourados, Lupersio Degerone Lúcio explica que o fato de menos pessoas circularem nas ruas faz com que os assaltantes tenham mais “dificuldade” em encontrar potenciais vítimas. “Além disso, criminosos andando pela madrugada se tornaram mais vulneráveis ao trabalho preventivo das forças de segurança”, acrescenta.

Violência Doméstica Os crimes de violência doméstica também diminuíram em Dourados, contrariando inclusive estatísticas nacionais que apontam para aumento de houve um aumento de 7,3% nos casos de feminicídios, segundo o Monitor da Violência, uma ferramenta do portal G1.

Em Dourados, de janeiro a março desse ano foram registrados 330 boletins de ocorrência, contra 361 no mesmo período do ano passado relacionados a violência doméstica.

Degerone explica que a falta de acesso a estabelecimentos noturnos que vendem bebidas alcoólicas pode ter influenciado. “O fechamento de bares e lanchonetes, parada anterior de muitos agressores, que ingerem bebidas alcoólicas e chegam casa alcoolizados é um fator considerável. O isolamento social por si só, não significa necessariamente que haverá aumento da violência. O que provoca o acréscimo são as brigas causadas em decorrência da ingestão descontrolada da bebida alcoólica”, explica.

Ele também destaca medidas que ao longo do tempo estão combatendo a violência doméstica como a celeridade da investigação policial, rápida resposta do Judiciário, adoção das medidas protetivas, entre outras. “A agilidade do Ministério Público e do poder judiciário, principalmente nos mandados de prisão, que são rapidamente cumpridas pela Delegacia da Mulher. Então, o agressor passou a perceber há celeridade e resposta por parte do Estado”, destaca.

O agressor também não tem acesso a vítima, quando é detido. Outro facilitador é o atendimento psicológico para as mulheres e a sala específica da Comissão da Mulher Advogada da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que tem orientado as vítimas sobre seus direitos e garantindo maior segurança.
Há 8 anos a Polícia Civil de Dourados, num entendimento com o Poder Judiciário e Ministério Público decidiram que a mulher vítima de violência não consegue retirar a queixa na delegacia contra o agressor, que também não consegue se livrar das grades por meio de fiança. Todas as denúncias são levadas ao conhecimento do judiciário, porque no entendimento local o “espírito teleológico da lei não cabe fiança”. Isso tudo porque as mulheres acabam sendo vítimas duas vezes porque muitas vezes eram elas que pagavam a fiança do agressor.

Criada em 2015 no município de Dourados a rede de enfrentamento, formada por diversos órgãos públicos de proteção, ajudam a empoderar as mulheres contra os agressores. Trata-se de uma série de serviços e ações voltados para garantir a aplicação da Lei Maria da Penha.

A rede é formada pela Delegacia da Mulher, Programa Viva Mulher, Defensoria Pública, 13ª Promotoria de Justiça e 4ª Vara Criminal. Em qualquer um desses serviços que a vítima procurar, ela ingressará na rede de atendimento com serviços psico-sociais que visam ajudar no que for preciso para que ela garanta sua integridade. Mais recentemente a rede ganhou a parceria do Estado e do Hospital Universitário que, através do projeto “Sala Lilás”, garante que vítimas de estupro receba atendimento de saúde, psicológico, de assistência social e policial, tudo num único espaço.

Viva Mulher

O Centro de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, criado em 27 de novembro de 2001, é um serviço de acolhida que oferece acompanhamento psicossocial e jurídico, por meio da Defensoria Pública de Defesa da Mulher, às mulheres em situação de violência doméstica e familiar. O Objetivo do serviço é possibilitar que a vítima se torne protagonista de seus próprios direitos. A unidade fica localizada na Rua Hiran Pereira de Matos, 1520 – Vila Mary.

Fonte: Dourados Agora