Queimadas em Corumbá (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Governo Federal anunciou a criação de duas bases para agilizar as ações de combate aos incêndios no Pantanal

Mato Grosso do Sul segue liderando o ranking de queimadas no Brasil, neste começo de julho, enquanto o Pantanal – principal bioma atingido pelos focos de incêndio – enfrenta uma seca severa que agrava a situação.

Conforme dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) das últimas 24h, Mato Grosso do Sul já acumula 111 focos de incêndio. Vale lembrar que Corumbá teve aumento de mais de 800% de queimadas de maio para junho.

A Cidade Branca é o município com mais focos (95) do Brasil, seguida por Tangará da Serra (MT), com 21 focos, e Porto Velho (RO), com 9. O Governo Federal anunciou na segunda-feira (1º) a criação de duas bases para agilizar as ações de combate aos incêndios no Pantanal.

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Ponte queimada e destruída (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

O Pantanal já vive uma estiagem severa, com escassez hídrica em toda a bacia. Historicamente, a escalada de incêndios acontece em agosto. Por causa disso, os esforços de combate aos incêndios foram antecipados este ano. E, de acordo com o Ibama, a falta de chuvas na região está atípica há pelo menos seis anos.

As novas bases são para facilitar a organização logística das operações no bioma. Segundo o Lasa (Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais), da UFRJ, o Pantanal enfrenta sua pior seca em 70 anos, intensificada pela mudança do clima e por um dos El Niño mais fortes da história.

Bases em MT e MS

A Base Sul será no quilômetro 100 da Rodovia Transpantaneira (MT-060) e a Base Norte, em Corumbá, que concentrou 66,5% dos focos de incêndio registrados no bioma de janeiro a junho, segundo dados do Inpe.

Cerca de 500 servidores do Governo Federal atuam em campo, apoiados por nove aeronaves, incluindo quatro aviões lançadores de água air tractors de Ibama e ICMBio e um KC-390 da FAB, com capacidade para carregar 12 mil litros de água. Outras aeronaves estão em mobilização.

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Aeronave da FAB (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

O uso de fogo no Pantanal está proibido até o fim do ano, e quem descumprir a lei poderá ser punido com multa, apreensão de bens e prisão.

De acordo com nota técnica do Lasa/UFRJ, todos os focos de calor no Pantanal em maio e junho foram causados por ação humana. Não há registros de incêndios causados por raios no período. Cerca de 85% dos focos de incêndio no bioma estão localizados em áreas privadas.

Investigação da PF

Polícia Federal coordena trabalho de inteligência para investigar e punir os responsáveis por incêndios criminosos. Dezoito frentes de incêndio estão sob investigação, segundo o Governo Federal.

“A PF está fazendo a investigação, a maioria está localizada em propriedade privada. O que tem de concreto é que sabemos de onde saiu a propagação, trabalhamos com tecnologia avançada”, afirmou a ministra Marina Silva.

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Incêndio na BR-262 (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

O Ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, afirmou que 12 municípios do Mato Grosso do Sul tiveram situação de emergência reconhecida pelo governo federal:

“Na semana passada, 12 municípios decretaram situação de emergência. Nós fizemos reconhecimento sumário pelo governo federal. E agora estamos auxiliando, junto com o estado, esses municípios nos seus planos de trabalho porque pode ser que alguns precisem de água, alimentação e combustível”, afirmou o ministro.

Na sexta-feira (28), as ministras Marina Silva e Simone Tebet e o governador Eduardo Riedel (PSDB) foram a Corumbá acompanhar ações integradas de prevenção e combate aos incêndios florestais.