Com o objetivo de regionalizar e fortalecer o relacionamento com os jornalistas locais, Dourados recebeu pela primeira vez o SebraeJor, evento, realizado pelo Sebrae/MS, que está na 6ª edição e atraiu aproximadamente 60 profissionais de comunicação e de áreas afins para ouvir o jornalista Chico Felitti. Com o tema “Inspiração em pauta: Notícias que fazem história”, a palestra aconteceu na noite dessa quarta-feira (30), na sede do Sebrae em Dourados, e foi seguida por um happy hour, que estimulou a continuidade de conversas sobre o assunto.
“Estamos no caminho certo ao regionalizar nossas ações de comunicação. Esta iniciativa materializa uma ideia que surgiu no comitê do qual participo no Conselho Deliberativo do Sebrae/MS: dar um retorno à classe jornalística, que nos proporciona grande visibilidade através da mídia espontânea. Uma maneira de retribuir é por meio do SebraeJor. Convivo com esses profissionais há 50 anos e me sinto parte da imprensa de Dourados. Por isso, é uma grande satisfação trazer este evento”, comentou o vice-presidente do Sistema Faems e conselheiro do Sebrae/MS, Nilson dos Santos.
“Nós acreditamos na comunicação e no poder de sensibilizar e motivar que vocês têm nos diversos tipos de veículos. O jornalismo é uma profissão de grande relevância e referência no mundo corporativo. Por confiarmos no poder da fala e na força que vocês representam, é gratificante receber este evento em Dourados. Além disso, o empreendedorismo é o que respiramos, então contar histórias de empreendedores é também muito significativo para nós”, destacou a gerente da Regional Sul do Sebrae/MS, Vanessa Reis.
O SebraeJor destaca o papel crucial da produção de conteúdos que explorem o universo das micro e pequenas empresas, além de inspirar o empreendedorismo entre os participantes. Em Mato Grosso do Sul, o evento foi realizado em Campo Grande na terça-feira e será promovido em Três Lagoas nesta quinta-feira (31), com o apoio do Sindicato Empresarial de Hospedagem e Alimentação (Sindha MS) em todas as cidades envolvidas.
Embora muitos vejam o mercado tradicional da comunicação em crise, ele passa, na verdade, por transformações e evolução. Para explorar essas novas direções, o palestrante compartilhou sua trajetória profissional, abordou os novos caminhos existentes para o jornalismo, como a oportunidade de distribuir conteúdo pela internet, o que permite a projeção nacional de pautas de cidades fora dos grandes centros, além de falar sobre a reconfiguração do jornalista como empreendedor. Felitti é conhecido pelo podcast “A Mulher da Casa Abandonada” – o mais ouvido da história do Brasil, com 5 milhões de downloads por episódio.
“Acredito que o jornalismo atual vive um momento de pessoalidade. Na internet, o público se interessa pelas pessoas, inclusive pelos jornalistas. Hoje, muitos leitores buscam o perfil no Instagram do profissional que escreve a notícia. Isso acontece em várias áreas, como no jornalismo investigativo, podcasts e livros. Vejo cada vez mais colegas que criam suas próprias empresas, alcançam um público maior e conseguem viver do seu trabalho de forma independente. Esse é um caminho possível e há muito espaço para isso”, pontuou Felitti.
A pessoalidade também tem grande relevância na divulgação dos empreendedores, e o Sebrae/MS se posiciona como parceiro na construção de histórias que contribuam para o sucesso dos pequenos negócios.
“Histórias conectam pessoas de uma forma que poucas estratégias de venda conseguem. No empreendedorismo, o valor da história está em mostrar o que há de humano em um negócio, especialmente nos pequenos, onde muitas vezes tudo é feito por uma pessoa só. Uma empresa de Alagoas, por exemplo, decidiu criar um podcast sobre sua atividade, que é consertar telas de celulares e tablets. Uma vez, um cliente tinha mais de um milhão de reais em um celular danificado. Quando ela me contou, eu apoiei na hora, disse que era genial e que as pessoas vão querer ouvir, ainda mais porque a própria empreendedora era uma pessoa divertida. Enfim, o público vai se ligar primeiro com a história e com a pessoa por trás do negócio, não apenas com a marca ou a loja”, exemplificou.
Chico possui uma carreira de destaque na área, com uma década de contribuições para a Folha de São Paulo, além de publicações no Washington Post e na revista Piauí. Também recebeu os prêmios Petrobrás e Comunique-se de jornalismo, e é autor dos livros “Elke: Mulher Maravilha”, “Rainhas da Noite” (finalista do prêmio Jabuti 2023), e “Ricardo & Vânia” (finalista do Jabuti 2020).
Novas perspectivas para o jornalismo
O SebraeJor 2024 possibilitou o acesso a novas ideias e inspirações tanto para profissionais experientes quanto para aqueles que desejam ingressar na área. “Em Dourados, temos poucos eventos voltados ao jornalismo, ainda mais com palestrantes renomados. Chico Felitti nos trouxe novas perspectivas e experiências, o que ampliou nossa visão sobre outras possibilidades de atuação. Foi um start para o próprio profissional procurar se encontrar e ver se pode trilhar novos caminhos. Espero que o Sebrae traga mais eventos como este”, comentou o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais na Região da Grande Dourados (Sinjorgran), Flávio Verão.
Profissionais de diferentes áreas e gerações participaram do evento, inclusive de municípios próximos, como Dora Nunes, que dirige com o marido o portal Ponta Porã Informa e investe na produção de conteúdo para redes sociais. “O que o Chico Felitti disse é muito relevante e aplicável, pois o jornalismo precisa acompanhar as mudanças e se atualizar com a realidade do público. O uso das redes sociais aumentou a cobrança por rapidez na publicação de conteúdos”, observou Dora.
Miriam Névola, jornalista que também migrou para as redes sociais, sentiu que seu público buscava algo além dos veículos tradicionais e criou um perfil com seu nome e, mais recentemente, outro perfil, exclusivo para o vídeo cast “Pode Contar”.
“O que foi apresentado hoje não é uma visão de futuro, mas do presente. Eu comecei a sentir a importância de pessoalizar, quis então tentar novas coisas e comecei a compartilhar mais a minha vida pessoal. Isso mudou totalmente a relação com as pessoas, elas foram interagindo mais comigo. Tudo mudou, tanto a minha forma de ver a comunicação quanto a forma com que as pessoas me enxergavam e consumiam a notícia. Elas queriam saber muitas vezes a minha opinião e saber a notícia por mim. É como se elas confiassem mais no jornalista, porque sentem que o conhecem enquanto pessoa”, afirmou Miriam.
Já a empreendedora Tati Espíndola, da loja colaborativa Como se Llama, acredita que essas estratégias podem ser adaptadas para os negócios. “O trabalho do Chico Felitti mostra como uma história bem contada gera fascínio. Nas redes sociais, podemos conquistar o público com o que somos, além do que temos para vender. Na internet, o cliente pode comprar de qualquer lugar, então a história do negócio é o diferencial que pode conquistar o cliente”, destacou Tati Espíndola.
Para mais informações sobre as iniciativas realizadas pelo Sebrae, os interessados podem entrar em contato pela Central de Relacionamento, no telefone 0800 570 0800.
