A seca iniciada em 2023, que ainda persiste com chuvas abaixo da média histórica, atinge cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados, representando 59% do território brasileiro. Segundo nota técnica do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), esta é a pior seca desde 1950, afetando gravemente os biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal. O panorama climático dos últimos 75 anos indica a gravidade da situação, exigindo atenção e medidas de adaptação.
O Cemtec/MS (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima) destaca que os baixos índices de precipitação têm reduzido o volume dos rios e elevado as temperaturas, intensificando os desafios ambientais e socioeconômicos. Essa combinação de fatores afeta não só o meio ambiente, mas também a agricultura, a pecuária e a disponibilidade de água para consumo humano, ampliando os riscos para a população e os ecossistemas.
Historicamente, a seca atual supera as ocorrências severas registradas em 2015-2016, que afetaram 54% do território, e em 1997-1998, que impactaram 42% do país. Desde 2019, o Pantanal tem enfrentado secas prolongadas agravadas por eventos climáticos extremos, como o El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico e altera padrões climáticos globais, ampliando a vulnerabilidade da região.
Os efeitos da seca são evidentes. Até setembro de 2024, aproximadamente 1.200 municípios brasileiros enfrentaram condições severas de seca. No Mato Grosso do Sul, 31 dos 45 municípios monitorados registraram chuvas muito abaixo da média histórica em julho. O rio Paraguai atingiu níveis mínimos recordes em outubro de 2024, com -69 cm em Ladário e apenas 53 cm em Porto Murtinho, levando o Imasul a emitir alertas sobre os riscos ambientais e operacionais associados.
Os prognósticos do Cemtec/MS apontam que as chuvas devem permanecer próximas à média histórica até dezembro de 2024, mas as temperaturas continuarão acima da média. Esse cenário eleva os riscos de incêndios florestais, especialmente no Pantanal e no sudoeste do Brasil, reforçando a necessidade de ações urgentes para mitigar os impactos ambientais, econômicos e sociais da seca.