Preso na manhã de ontem (15/5) durante a Operação Avalanche, correspondente a terceira fase da Oiketicus, o ex-diretor do DOF (Departamento de Operações de Fronteira), Kleber Haddad Lane, chegou a citar, durante entrevista ao Dourados News em dezembro de 2017, que a região de fronteira com o Paraguai, no Mato Grosso do Sul, possuía de seis a sete pontos usados por contrabandistas de cigarros para entrar no Brasil com destino aos grandes mercados consumidores do país.
“Hoje a fronteira com o Paraguai possui seis, sete pontos utilizados pelos contrabandistas de cigarros para levar o produto aos grandes mercados consumidores”, relatou na época, sem citar os locais.
Haddad e mais seis oficiais superiores do alto comando da Polícia Militar – entre eles o comandante da PM de Dourados, tenente-coronel Carlos Silva -, foram alvos da ação desencadeada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e a Corregedoria da Polícia Militar.
Eles são suspeitos de fazer parte de grupo acusado de facilitar a entrada de contrabandistas de cigarros do Paraguai no Estado em troca de recebimento de propina.
No dia da entrevista concedida ao Dourados News, o ex-diretor do Departamento comemorava a apreensão de 410 mil pacotes do produto ocorrido na BR-267, entre Maracaju e o distrito de Vista Alegre, no mesmo município.
Na ocasião, além dos cigarros, os policiais apreenderam R$ 32.950 em espécie no interior dos caminhões.
A suspeita era que o uso do dinheiro poderia ter ligação com esquema de cobrança por parte de servidores lotados em órgãos de segurança pública no trajeto até os grandes centros, porém, naquela ocasião, Haddad acreditava ser precoce falar sobre o assunto.
“Não podemos confirmar se será usado para isso [dinheiro para o pagamento de propina]. Pode ser para o pagamento dos motoristas, mas o fato é que encontramos o montante”, finalizou.
Haddad ficou à frente do Departamento entre março de 2017 e abril de 2019. Atualmente ele ocupa cargo de Superintendente de Segurança Pública em Mato Grosso do Sul.
Avalanche
Operação Avalanche desencadeada na manhã de sexta-feira (15/5) em Dourados e cinco cidades do Estado, cumpriu, além dos sete mandados de prisão preventiva contra integrantes do alto escalão da Polícia Militar, outras 13 determinações judiciais de busca e apreensão.
De acordo com o Ministério Público Estadual, na operação são apurados vários crimes, entre eles o de organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Os mandados foram cumpridos em Dourados, Campo Grande, Sidrolândia, Coxim, Naviraí e Aquidauana.
Além do ex-comandante do DOF (Departamento de Operações de Fronteira), coronel Kleber Haddad Lane, o tenente-coronel Carlos Silva do 3º Batalhão PM de Dourados, o tenente coronel Wesley Freitas Araújo, de Naviraí, major Luiz César de Souza Herculano, de Coxim, tenente-coronel Josafá Pereira Dominoni, tenente-coronel da PM em Sidrolândia, Erivaldo José Duarte Alves e o tenente-coronel Jidevaldo de Souza Lima, foram os outros alvos da ação.
Oiketicus
A Operação Oiketicus foi deflagrada pela primeira vez no dia 16 de maio de 2018 e apura suspeita de pagamento de propinas a policiais que facilitavam o tráfego de veículos com cigarros contrabandeados pelas rodovias de Mato Grosso do Sul.
Os valores desembolsados pelos criminosos aos servidores corruptos variavam de acordo com o cargo ocupado por eles.
O nome da operação faz alusão às lagartas desta espécie que constroem uma estrutura com seda e fragmentos vegetais, com o formato semelhante a um “cigarro” alongado, e serve para a sua proteção.
Fonte: Dourados News