Olha, Diário, a verdade é que nunca antes na história desse país teve um presidente tão manchetoso quanto eu.

por Jornalistas Livres

Parabéns para mim, nesta data querida, muita infelicidade, muita gente sem vida!

Eeeeeeee!

Quinhentos dias, Diário!

Quem diria que eu chegaria a tanto?

E olha, foram quinhentos dias agitados. Só lembrando rápido aqui, sem pensar muito, que isso me dá preguiça, teve:

queimadas na Amazônia, a mocreia do Macron, as laranjas do PSL, a briga com o PSL, as rachadinhas do Flávio, a embaixada do Dudu, os tuítes do Carluxo, o sumiço do Queiroz, Golden Shower, a demissão do Bebianno, a demissão do Ricardo Galvão do Inpe, o Leonardo Di Caprio, o comercial de nióbio, o “I loveyou” pro Trump, a censura do comercial do Banco do Brasil, a reforma da previdência, a distribuição de medalhas pros meus filhos e pro Olavo, a balbúrdia do Weintraub, a manga da Teresa Cristina, o pum da Regina, o discurso do Alvim, a empregada na Disney do Guedes, a Vaza Jato do Moro, a arminha na Marcha para Jesus, as vaias no Maracanã, os governadores “paraíbas”, o discurso na ONU, as leis que facilitam a compra de armas pelas milícias, o Carioca…

Pausa para descanso.

Já respirei, vamos lá. E agora nesses últimos dias teve a “gripezinha”, a demissão do Moro, a demissão do Mandetta, a indicação do Ramagem, a troca na PF do Rio pra proteger minha turma, a cloroquina (pô, só eu, o Trump e o Maduro vemos como ela é boa?), os rolezinhos pelo golpe, a invasão do STF com os empresários, os cumprimentos com ranho, o exame escondido, o dólar a R$ 5,90, os 15 mil mortos oficiais (fora os do paralelo), os mais de 200 mil infectados e, finalmente e, ufa!, a demissão do Teich (aliás, ainda não sei quem vai ser o novo ministro da Saúde. Só sei que não vou contratar pela CLT, não. Vai ser freelancer, kkk!).

Olha, Diário, a verdade é que nunca antes na história desse país teve um presidente tão manchetoso quanto eu.

Tô de parabéns ou não tô?

PS: A ilustração é do Ivo Minkovicius.

Por José Roberto Torero, autor de livros, como “O Chalaça”, e vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S.Paulo entre 1998 e 2012.

@diariodobolso