“Nossa cidade não está preparada para essa doença e se seguirmos com praticamente nenhuma medida mais severa de isolamento, os números de contaminados só vão aumentar. E se você depende do SUS, meu aviso é, reze, reze muito para não perder sua vida ou de alguém que você ame”. Esse é o desabafo de uma douradense diagnosticada com o novo coronavírus (Covid-19).
Servidora pública federal lotada em instituição de ensino de Dourados, ela e membros da família testaram positivo para doença no final de maio e engrossam os números que fazem do município o campeão estadual em confirmações, com 849 até quinta-feira (11).
No relato feito nas redes sociais, a douradense diz que embora haja casos assintomáticos, o avô está internado em leito hospitalar de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e a avó, em isolamento domiciliar, segue acamada. Ela garante que o contágio ocorreu “mesmo com todos os cuidados em sempre estar de máscara e higienizando tudo”.
“Mas como? Claro que nunca vamos ter certeza de nada, no entanto minha suposição é que tenhamos nos infectado em algum ambiente hospitalar, pois meu avô começou a passar mal no início de maio e teve que ser internado várias vezes, no começo os médicos descartaram covid e descobriram um grave problema cardíaco e uma parada da função renal, indo e vindo de casa para UTI e enfermarias e nós acompanhando sempre que permitido, pois ele tem alzheimer e não poderia ficar desacompanhando”, pontua.
Segundo ela, no final de maio cinco pessoas de sua família começaram a ter sintomas gripais. Um dia após se sentir mal, a mãe dela procurou ajuda médica porque trabalha em ambiente hospitalar e na primeira tomografia o pulmão apresentou aspecto de “vidro fosco”. No mesmo dia ela levou a avó para ser atendida em um dos postos de saúde de referência para doenças respiratórias, ocasião em que foram relatados os sintomas, tais como febre, muita dor no corpo, tosse e muita dor de cabeça.
“O médico disse que possivelmente seria covid (visto que minha mãe apresentou um pulmão típico), passou a medicação e mandou para casa e pediu para voltar se o quadro piorasse, e sim o quadro da minha vó só piorou, mas nada de falta de ar, fomos num domingo em um hospital particular (pois o posto estava fechado) e fizeram a tomografia do pulmão dela e lá estava, mais uma vez, o pulmão típico de covid, e muito, muito comprometido, e sabe qual a orientação? Volte para casa e tome mais medicação, e é isso”, relata.
Para ela, “a sensação é que as equipes só ficam na torcida, torcida de uma possível cura, pois não sabem muito bem o que fazer”.
O relato também revela que a unidade de saúde só ligou para saber o estado de saúde dos pacientes em 9 de junho, quando o município contabilizava 674 casos confirmados de Covid-19. “E sem sequer saber que o resultado do exame foi um positivo, sim pessoal só entraram em contato depois de 10 dias do primeiro atendimento”, revela.
“Não existe nenhuma equipe que acompanhe os casos, uma pessoa contaminada com covid tem que sair procurando ajuda, e lembrando que a família também já está contaminada e precisa levar seus doentes mais acometidos para serem socorridos, visto que os não contaminados se afastam, é claro”, afirma.
Segundo a douradense, hoje a maioria das pessoas de sua família diagnosticadas com a doença está recuperada, inclusive com casos sem sintomas. Mas o avô dela segue na UTI, a avó em casa lutando para sobreviver e a prima, jovem, embora não apresente melhoras, a médica que a atendeu durante essa semana em um posto de saúde informou que não precisava mais ficar em isolamento.
“A questão é que nossa cidade não está preparada para essa doença e se seguirmos com praticamente nenhuma medida mais severa de isolamento, os números de contaminados só vão aumentar. E se você depende do SUS, meu aviso é, reze, reze muito para não perder sua vida ou de alguém que você ame”, ponderou.
Acompanhado de um link de matéria do Dourados News que revela a intenção da Semsur (Secretaria Municipal de Serviços Urbanos) de exumar ossadas de covas sociais para desocupá-las e sepultar vítimas da Covid-19, o desabafo é finalizado com um alerta. “Por isso, acho que a medida da prefeitura em reorganizar as covas é muito coerente, visto que o sistema de saúde não está preparado de fato para o que está acontecendo e para o que está por vir. Boa sorte a todos”.
Fonte: Dourados News