Apesar de ter 1.550 quilômetros de fronteira com o Paraguai e a Bolívia e bater recorde na apreensão de drogas, Mato Grosso do Sul foi penalizado pelas mudanças nos critérios de divisão do Fundo Nacional de Segurança Pública com uma perda de R$ 13 milhões. A queda no repasse foi anunciada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) na última sexta-feira (7) e ameaça prejudicar operações da Secretaria de Operações Integradas (Seopi), entre elas a Operação Hórus, realizada por policiais de Mato Grosso do Sul.
Surpreendido pela mudança repentina, o secretário de Justiça e Segurança Pública do Estado, Antonio Carlos Videira, enviou ofício à Senasp solicitando reconsideração das mudanças e, nesta quinta-feira (13), viaja para Brasília aonde, com representantes de outros estados prejudicados, vai tentar reverter a situação. Outros estados fronteiriços, como Rondônia, Mato Grosso, Amazonas e Roraima, também foram duramente prejudicados pela alteração repentina.
Para Videira, a queda de 12 posições de Mato Grosso do Sul no ranking de repasse coloca em risco a segurança de todo o país, “abrindo as portas” para a entrada de armas e drogas. “Penalizar o estado com inexplicável rebaixamento no rateio 2020, rebaixando de 2º para 14º lugar (…) significa ignorar os incomensuráveis esforços de todos os profissionais de segurança pública do estado que diuturnamente trabalham para a cada dia superar os já relevantes índices de enfrentamento da criminalidade e certamente refletirá nos grandes centros urbanos, pois o enfraquecimento das forças de segurança sul-mato-grossenses significa o afrouxamento do dos obstáculos de entrada de drogas, armas e munições no Brasil”, argumentou o secretário sul-mato-grossense.
Pelos critérios anteriores, Mato Grosso do Sul receberia R$ 39,5 milhões do fundo nacional, a segunda maior fatia, atrás apenas de São Paulo, com R$ 50 milhões. Agora, o repasse para o Estado fronteiriço caiu para apenas R$ 26,4 milhões.
As forças policiais de Mato Grosso do Sul, em especial o DOF (Departamento de Operações de Fronteira), são as principais responsáveis pelas apreensões de drogas do país. De janeiro a agosto de 2020, a polícia sul-mato-grossense tirou de circulação mais de 424 toneladas de drogas, um aumento de 88% em relação ao mesmo período do ano passado.
Desde 2015, as forças estaduais apreenderam 2.057 toneladas de maconha e cocaína, que teriam como destino os grandes centros urbanos nacionais e internacionais. Os dados são da Superintendência de Inteligência da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
Levantamentos mostram que apesar de fazer fronteira com dois países, Mato Grosso do Sul é um dos estados mais seguros para se viver. Com índice de taxa de mortes violentas por 100 mil habitantes bem abaixo da média nacional, conforme dados do Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Além disso, o índice de esclarecimentos de homicídios é 10 vezes maior que a média nacional.
Fonte: Dourados Agora