Índice de ótimo/bom cresceu de 29,1% em julho para 38,7%; presidente chamou doença de gripezinha e defendeu fim de isolamento social
Por Dri Delorenzo e Fabíola Salani
Apesar das quase 120 mil mortes por coronavírus no país e quase 4 milhões de casos, a atuação do governo federal na gestão da pandemia é considerada ótima e boa por 35,1% da população, regular por 28% e ruim e péssima por 34,1%. Ou seja, é mais bem avaliada do que mal na opinião dos brasileiros. Este é um dos dados revelados pela 5ª Pesquisa Fórum, realizada em parceria com a Offerwise sob consultoria de Wilson Molinari (você pode apoiar a pesquisa AQUI). O levantamento ouviu a opinião de mil pessoas, em todas as regiões do país, entre os dias 21 e 24 de agosto.
Chama a atenção ainda que houve um crescimento na avaliação positiva (ótimo e bom) entre a última edição da Pesquisa, realizada em julho, e esta, de agosto. No mês passado, 28,2% achavam a gestão do governo ótima e boa. O regular manteve-se estável, eram 29,3% em julho. Já a rejeição diminuiu, eram 39,2% que consideram a atuação ruim e péssima na edição anterior.
Vale lembrar que no início da pandemia, quando as ações do governo eram lideradas pelo então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, a aprovação era bem maior, chegava a 46,5% de ótimo e bom. Entre abril e maio, houve uma queda na avaliação positiva, que se manteve estável em junho e julho, mas agora voltou a subir, mesmo sem um titular na pasta, comandada interinamente pelo general Eduardo Pazzuello.
Se não bastasse a melhora na avaliação do governo federal na gestão da pandemia, a avaliação de Jair Bolsonaro também apresentou elevação se comparada à última edição da Pesquisa Fórum. Em julho, 29,1% dos entrevistados diziam que a atuação do presidente era ótima e boa, em agosto são 37%. No mês passado, 22,2% consideravam regular, este mês são 21,8%. Já o ruim e péssimo eram 45% e agora são 38,9%.
O que explicaria a retomada da aprovação mesmo sem o país ter vencido o vírus?
Em abril, na mais alta avaliação do governo, Bolsonaro convocou cadeia de rádio e TV para dizer que a doença não passava de uma “gripezinha” e que só deviam ficar em casa os idosos e as pessoas com comorbidades. Depois disso seguiu na mesma linha, com declarações como “e daí” e “não sou coveiro”. Passou a defender o uso de cloroquina no tratamento da covid-19, o que não encontra respaldo científico até o momento.
Em agosto, Bolsonaro retoma a mesma avaliação que tinha no início da pandemia e o governo federal realiza uma cerimônia para anunciar que o Brasil estava vencendo a Covid.
O que tende a explicar a melhora das avaliações do governo e de Bolsonaro é o pagamento do auxílio emergencial.
Esta mesma edição da Pesquisa Fórum mostra que 13,8% dos entrevistados melhoraram sua avaliação em relação a Bolsonaro por causa do benefício. Eles representam 35,8% daqueles que recebem os recursos.
Pesquisa inova com metodologia
A 5ª Pesquisa Fórum foi realizada entre os dias 21 e 24 de agosto e ouviu 1000 pessoas de todas as regiões do país. A margem de erro é de 3,2 pontos porcentuais, para cima ou para baixo. O método utilizado é o de painel online e a coleta de informações respeita o percentual da população brasileira nas diferentes faixas e segmentos.
O consultor técnico da Pesquisa Fórum, Wilson Molinari, explica que os painelistas são pessoas recrutadas para responderem pesquisas de forma online. A empresa que realiza a pesquisa, a Offerwise, conta com aproximadamente 1.200.000 potenciais respondentes no Brasil. “A grande vantagem é que o respondente já foi recrutado e aceitou participar e ser remunerado pelas respostas nos estudos que tenha interesse e/ou perfil para participar. No caso da Pesquisa Fórum, por ser de opinião, não existe perfil de consumidor restrito, como, por exemplo, ter conta em determinado banco, ou possuir o celular da marca X. O mais importante é manter a representatividade da população brasileira, tais como, gênero, idade, escolaridade, região, renda, etc.”
Molinari registra que pesquisas feitas em ruas ou nos domicílios costumam ter margem de erro menor. “Porém sabemos que 90% da população brasileira possui acesso à telefonia celular e, especificamente na situação de quarentena que estamos vivendo, o método online é mais seguro do que o pessoal e sempre é menos invasivo que o telefônico”, sustenta. Pouco usado para pesquisas de opinião no Brasil, os painéis online são adotados como método de pesquisa no mundo todo, segundo Molinari. E regulamentados pelas principais associações de pesquisa. “Os painéis hoje são amplamente utilizados para pesquisas de satisfação, imagem de marca, qualidade de produtos e serviços, opinião, etc”, acrescenta.
Fonte: Revista Fórum