Das nove campanhas de imunização que ocorreram em 2019, apenas quatro atingiram a meta de cobertura vacinal para crianças de até 5 anos
Em tempo de conflito sobre a obrigatoriedade da vacina contra o coronavírus, cerca de 29 mil crianças não receberam todos os imunizantes obrigatórios previstos no calendário de vacinação do Ministério da Saúde em 2019.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), das nove campanhas de vacinação infantil que ocorreram em Campo Grande, cinco não atingiram a meta de cobertura vacinal.
A meta de cobertura para a vacina da gripe era de 90% e atingiu cerca de 89%, ou seja, 21.242 crianças foram vacinadas.
A vacina de poliomielite (VIP), pneumocócica conjugada 10 (VPC10) e pentavalente, que têm meta de cobertura de 95%, atingiram 84,6%, 93% e 75% de cobertura, respectivamente.
A vacina de febre amarela possui meta de imunização de 100%, no entanto, atingiu apenas 89% da cobertura vacinal.
Segundo a Sesau, os imunizantes que atingiram a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde foram: a BCG, contra tuberculose; a rotavírus; a tríplice viral, contra sarampo, caxumba e rubéola; e a vacina contra o meningococo C, que previne meningite e meningococcemia.
Com a proximidade da liberação de uma vacina contra a Covid-19, a questão da obrigatoriedade da aplicação de vacinas voltou a ser tema de debates.
O presidente da República chegou a mencionar que ninguém pode obrigar uma pessoa a tomar vacina. No entanto, no Brasil há vacinas que já são obrigatórias.
As vacinas previstas nas campanhas do Ministério Público são obrigatórias para crianças e adolescentes, de acordo com o artigo 201 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que determina que o direito à vacinação é exclusivo para menores de idade.
“Se os pais ou os responsáveis deixam de exercê-lo [o direito à vacinação] em nome e a favor do menor, caberá ao Ministério Público a legitimidade para usar dos remédios legais para assegurar esse direito”, detalha o ECA.
A superintendente de Vigilância em Saúde, Veruska Lahdo, disse que as vacinas são ferramentas de prevenção importantes para a erradicação de várias doenças.
“O objetivo das campanhas é aumentar a cobertura vacinal e, assim, reduzir o risco da reintrodução das doenças”, disse.
De acordo com Lahdo, a vacinação de crianças e adolescentes é acompanhada por um sistema da Sesau e por agentes comunitários.
“Em visitas domiciliares, os agentes verificam a situação vacinal das crianças e, quando necessário, orientam os pais ou os responsáveis a levarem a criança a uma unidade de saúde”, afirmou.
CAMPANHAS EM 2020
Conceição Inácio levou seu bebê de 15 dias para tomar as vacinas BCG e contra a hepatite B na quinta-feira (22). Ela relata que pretende dar todas as vacinas necessárias para o filho, de acordo com as orientações do Ministério da Saúde.
“A vacina é importante para a saúde e a segurança dele. É válido, tem que dar sim! E certinho, conforme a campanha. É gratuita também”, declarou a mãe.
De acordo com a Sesau, as campanhas de multivacinação, contra a poliomielite e o sarampo, que ocorrem neste ano ainda não têm um levantamento da taxa de vacinação.
No entanto, Lahdo relata que ainda há muita resistência das pessoas em serem vacinadas, o que reflete na taxa e na cobertura vacinal.
“Na campanha da influenza, por exemplo, não conseguimos atingir a meta, e agora nessa da poliomielite, que encerra dia 30 de outubro, estamos com baixa procura”.
De acordo com o Datasus, apenas 66,20% das crianças tomaram vacina contra a influenza, ou seja, 22.161. A vacinação contra a poliomielite, que iniciou no dia 5 e ainda ocorre na Capital, teve cobertura vacinal de 16,41% de crianças de até 4 anos.
Fonte: Correio do Estado