Em 2019, o governo liberou 467 novos agrotóxicos, o maior volume anual desde 2005
2019 foi o ano em que a bancada BBB (Boi, Bíblia e Bala) chegou ao poder. Jair Bolsonaro, quando ainda estava em campanha presidencial, deixou claro que em seu governo o agronegócio seria prioridade. E assim foi.
O ministério da Agricultura, sob o comanda de Tereza Cristina, liberou neste ano 467 novos agrotóxicos, o maior volume desde 2005, de acordo com um monitoramento feito pela Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, quando começou a série histórica.
Tereza nomeou como “falácia” a acusação de que a liberação seja um recorde histórico. “A maior parte dos produtos são genéricos, de moléculas que já estavam aí há anos e que beneficiam pequenos produtores.” Existir, de fato, eles existiam, mas beneficiar não parece ser a palavra propícia para os efeitos dos agrotóxicos na população.
Na prática, diversos alimentos que já tinham muitos agrotóxicos ganharam novas substância que são prejudicial à saúde.
Confira a lista:
1.Tomate – Afetado por 24 novos agrotóxicos
FOTO: PXHERE
De acordo com o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitiária (Para-Anvisa) de 2013-2015, foram detectados 63 agrotóxicos nas culturas de tomate durante o período da pesquisa. Os mais encontrados foram acetato – retirado da lista de prioridade da Agência nesse ano -, o inseticida imidacloprido e o carbendazim, de classe toxicológica II (altamente tóxico). Entre os novos agrotóxicos que afetam a cultura do tomate estão os das marcas Mancozeb Nortox, Vertimec 84 SC, Savino e Viper, todos de classe toxicológica I (extremamente tóxico).
2. Feijão – Afetado por 20 novos agrotóxicos
Segundo a mesma pesquisa, o feijão já era afetado por 45 agrotóxicos, como o carbezadim, já citado, e o fungicida promicidona. Entre os 20 novos agrotóxicos que poderão ser utilizados no seu cultivo, estão o da marca Yovel, de classe toxicológica ambiental II (altamente tóxico ao meio ambiente), e o mancozebe, fungicida que pode estar relacionado a linfomas não Hodgkin.
3. Laranja – Afetada por 18 novos agrotóxicos
FOTO: PEXELS
A laranja é a cultura mais afetada pelos agrotóxicos de acordo com o Para: foram detectados 64 agrotóxicos nas amostras da pesquisa. A lista extensa conta com ativos como o fungicida piraclostrobina, de classe toxicológica II, e o clorpirifós, de classes toxicológica I e toxicológica ambiental II, de extrema irritação aos olhos, e podendo estar relacionado ao câncer de pulmão e leucemia. É também uma das culturas mais afetadas pelos novos agrotóxicos, entre eles o fungicida tebuconazol, que atinge 8 das 10 culturas da lista, e a bifentrina, de alta toxicidade para organismos aquáticos.
4. Maçã – Afetada por 11 novos agrotóxicos
FOTO: PXHERE
Foram detectados, segundo o Para, 47 agrotóxicos diferentes, entre eles os do grupo dos ditiocarbamatos, que pode ser medido pelos níveis de dissulfeto de carbono, gás tóxico se inalado em grandes quantidades, e o inseticida acetamiprido, além do carbendazim. A pesquisa ainda mostrou a presença do esfenvalerato, não permitido para a cultivo de maçã. Entre os novos agrotóxicos que podem afetá-la, está o herbicida da marca Glifosato 72 WG, provavelmente carcinogênico (que provoca o aparecimento de um câncer) para humanos, de acordo com a classificação da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC).
5. Uva – Afetada por 8 novos agrotóxicos
FOTO: PEXELS
Foi detectada a presença de 51 agrotóxicos no cultivo de uva, segundo o Para, como o acefato, o fungicida dimetomorfe e o difenoconazol, de classificação toxicológica I. A pesquisa ainda mostra que foram encontrados agrotóxicos não permitidos para a cultura da fruta em 161 das 224 amostras utilizadas, entre eles o dimetoato, perigoso para abelhas, fauna selvagem e organismos aquáticos. Um dos novos agrotóxicos que podem ser utilizados no cultivo da uva é o mancozebe.
6. Pimentão – Afetado por 6 novos agrotóxicos
FOTO: PXHERE
O cultivo de pimentão já era afetado por 59 agrotóxicos, entre os quais estão o inseticida imidacloprido e os já citados acefato e carbendazim, sendo o último não autorizado em sua cultura. Os novos agrotóxicos que afetam o cultivo do pimentão utilizam o mancozebe e o tebuconazol.
7. Mamão – Afetado por 6 novos agrotóxicos
FOTO: PXHERE
Foram encontrados no cultivo de mamão 54 agrotóxicos, segundo o Para, entre eles o carbedazim e o grupo dos ditiocarbamatos. Fazem parte dos seis novos agrotóxicos que podem afetar seu cultivo o clorotalonil da marca Wiper, de classificação toxicológica I, e o espirodiclofeno da marca Predador.
8. Morango – Afetado por 2 novos agrotóxicos
FOTO: ADRIANO AURELIO ARAUJO.
O morango já era afetado por 48 agrotóxicos, entre os quais estão o fungicida azoxistrobina, tóxico para organismos aquáticos, e os já citados difenoconazol e carbendazim, além da captana, de baixa toxicidade, não autorizada para a cultura da fruta. Os novos agrotóxicos que podem afetar seu cultivo são o tebuconazol e o fluazinam, de classificação toxicológica I.
9. Goiaba – Afetada por 1 novo agrotóxico
FOTO: WIKIMEDIA
No cultivo da goiaba foram detectados 43 agrotóxicos, como a azoxistrobina e o acefato, não autorizado para a cultura. O tebuconazol é o novo agrotóxico que pode afetar seu cultivo.
10. Alface – Afetada por 1 novo agrotóxico
FOTO: PEXELS
Segundo o Para, foram detectados 42 agrotóxicos na cultura do alface, entre eles o difenoconazol, o imidacloprido e o carbendazim, sendo que o uso do último citado não é autorizado. O novo agrotóxico que pode ser utilizado no seu cultivo é à base de casca de laranja, de baixa toxicidade, com objetivo de combater pulgões.
Fonte: Carta Capital