Hacker foi preso quando tentava fugir novamente, nesta quarta-feira (20). Foto: Divulgação

Prisão reforça ligação de milícia com fuzilamento ‘por engano’ de jovem em Campo Grande e pode esclarecer dúvidas sobre atuação de policiais

A Polícia Civil de Santa Catarina prendeu nesta quarta-feira (20), em Joinville (SC), Eurico dos Santos Mota, de 28 anos. Ele é apontado como hacker e estava com a prisão decretada desde setembro, quando o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) de Mato Grosso do Sul deflagrou a Operação Omertà e desmantelou suposta milícia armada que estaria ligada a crimes de pistolagem em Campo Grande.

Segundo as investigações, o grupo supostamente liderado por Jamil Name e Jamil Name Filho teria contratado Eurico para rastrear e tentar atrair o ex-capitão da PMMS Paulo Roberto Teixeira Xavier, alvo da milícia. Os pistoleiros contratados para matar Xavier, no entanto, erraram o alvo e mataram, em abril, Matheus Coutinho Xavier, filho de Paulo.

Com a prisão de Eurico, policiais esperam desdobramento da Omertà investigando as circunstâncias em que ele teria sido liberado por colegas da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul após ser preso em Campo Grande e, supostamente, ter confessado a servidores da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurana Pública de Mato Grosso do Sul) a participação na trama para executar Paulo Xavier.

O hacker chegou a prestar depoimento na DEH (Delegacia Especilizada de Homicídios) antes da deflagração da Omertà, mas foi liberado. Após a oitiva na unidade especializada da Polícia Civil de MS, ele teria revelado que chegou a receber escolta de servidores para deixar Campo Grande ‘em segurança’.

Nos bastidores, policiais ligam recentes mudanças na cúpula da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul com o avanço nas investigações da Omertà e procedimentos em andamento na Corregedoria do órgão. O delegado-geral da Polícia Civil de MS, delegado Marcelo Vargas, nega e diz que as trocas de posições são ‘corriqueiras’.

No entanto, ainda nesta quarta-feira, Marcelo Vargas admitiu que há mais integrantes da instituição sob investigação em desdobramentos da Omertà.

Peça-chave deve fechar inquérito da morte de Matheus

Segundo relatório do Gaeco, Eurico havia sido contratado pelo pistoleiro Juanil Miranda Lima para seguir os passos de Xavier, saber os horários quando costumava sair de casa, onde ia e com quem mantinha contato.

Segundo as investigações, Freires e Juanil teriam sido contratados por Marcelo Rios para matar Paulo Xavier, após ordem do empresário Jamil Name por causa da proximidade do militar com o advogado Antônio Augusto de Souza Coelho. A ordem seria por causa de um desacordo comercial da venda de propriedades rurais

Mas, Eurico teria feito contato com Paulo Xavier e revelado o plano da milícia liderada por Jamil Name, oferecendo ao policial a chance de pagar mais para saber de toda a história.

Juanil, dias antes da execução, estaria monitorando a residência de Paulo. Em um desses monitoramentos, ele estaria acompanhado de uma mulher, que tinha saído com ele para levar um celular ao conserto.

Em depoimento no Garras (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), logo após a prisão de Marcelo, a jovem conta que estava com Juanil em um Chevrolet Corsa branco quando ele teria desviado o trajeto e passado duas vezes em frente à casa do militar, fazendo vídeos da movimentação.

A mulher confirmou o fato em depoimento no Garras. Ela disse ter visto pelo menos duas vezes o suposto hacker na companhia de Juanil.

No dia do assassinato de Matheus Coutinho, em abril, Freires ainda usava tornozeleira eletrônica depois da condenação pela execução do delegado Paulo Magalhães. Ele estava na companhia de Juanil em um Chevrolet Ônix branco. No entanto, por engano, os pistoleiros executaram o rapaz no lugar do pai dele, com tiros de fuzil. Matheus estava manobrando a camionete do pai na noite em que foi fuzilado pelos pistoleiros.

Fonte: Midiamax