Aí, todos os esquerdovacinistas pediram asilo na Argentina. E os mariquinhamascaristas se mudaram para Portugal. Só sobramos nós, os bolsocloroquinos

Por José Roberto Torero

Ivo Minkovicius

Diário, feliz aniversário!

Morreu uma montanha de velhos, gordos e pobres. Mas tudo bem. Esses comorbidosos atravancavam o progresso do Brasil.

Com a morte dos pançudos, a gente teve um superávit agrícola gigante. A exportação disparou!

Sem os velhos, sobrou dinheiro na Previdência. O Guedes até tomou um porre de Black Label para comemorar.

E, com menos pobres, as ruas ficaram bem mais espaçosas.

Ah, a covid também acabou com os índios. As reservas ficaram livres pro garimpo, pra soja e pro gado. Só no carnaval é que dava pra ver gente vestindo pena. Aliás, o Ministério do Carnaval foi criado pro Carluxo. Ele trabalhava todo dia com uma fantasia de pavão.

Os índices de desmatamento despencaram e eu ganhei o prêmio Ecologista do Ano. Na verdade, os números baixaram porque o Exército tinha comprado um novo satélite por R$ 175 milhões, e ele não via diferença entre grama e árvore, então dizia que era tudo floresta. Ops, essa parte do sonho era real. Estamos mesmo comprando esse treco.

Já que o assunto é mato, o Ricardo Salles transformou o IBAMA em IBRAHMA. Assim as unidades de controle ambiental viraram bares pros madeireiros tomarem uma cerveja depois de passarem o dia todo cortando lenha. Eles merecem um refresco, pô!

No sonho, uma coisa que eu gostei foi que todos os meninos passaram a usar azul e as meninas, rosa. Nossa bandeira jamais terá um arco-íris! Colocamos todos os gays em navios e mandamos para São Francisco. Os que quiseram ficar tiveram que fazer um curso de desgayzação com o pastor R.R.Soares, que há mais de trinta anos já faz esse trabalho.

A Globo foi fechada e a Record passou a ser a maior emissora do Brasil. Lá, toda quinta-feira, passa a minha live ao vivo, no horário nobre. O Gérson, ministro do Turismo, toca sanfona e é um sucesso. O Roger, do Ultraje a Rigor, de vez em quando faz umas pontas com a guitarra.

Mas não esqueci o SBT. Aos domingos, eu substituo o Silvio Santos lá. Usando aquele microfonão e tudo! Eu grito “Quem quer dinheiro?” e jogo os aviõezinhos no Centrão da plateia.

Na Rede TV!, o Dudu tem um realitixou sobre armas. No programa, ele mostra pistolas e rifles, e depois pratica tiro ao alvo em atores pornôs (por que será que ele odeia atores pornôs?) e em traidores, tipo a Joice Hasselman, o Lobão e o Frota.

Eu passei a ser técnico da seleção brasileira de futebol e só deixava jogar quem gostava de mim. O Neymar era o camisa 10. Pra completar o meio de campo, chamei o Marcelinho Carioca e o Ronaldinho Gaúcho. O time não marcava ninguém, mas as festas na concentração eram ótimas.

Aliás, a concentração passou a ser feita em Las Vegas dos Reis, o novo nome de Angra, onde passou a ter uns cassinos flutuantes e todo mundo podia jogar e pescar ao mesmo tempo.

Outra coisa boa é que a rachadinha deixou de ser crime. Todo político passou a ter direito de empregar um monte de funcionários fantasmas e pegar o salário deles.

Falando nisso, o Queiroz virou diretor da Casa da Moeda. Mas mudou o nome dela para Casa da Nota, porque disse que encher aqueles envelopes com moedas é muito difícil. Aliás, ele criou a cédula de dez mil reais. O Chico Cueca, digo, o Chico Rodrigues agradeceu de coração.

A milícia foi legalizada. E a estátua do Adriano que a gente colocou no lugar da do Cristo Redentor ficou demais! A metralhadora era feita todinha em nióbio! E, na passagem de ano, ela soltava uns fogos de artifício lindos de morrer.

Olavo de Carvalho assumiu o ministério da Educação. Logo de cara mandou trocar todos os livros de geografia, que passaram a mostrar que a Terra é plana. E as crianças adoraram as novas cartilhas inventadas por ele (com o método “Pau no Freire”). Mas, também, quem não ia gostar de aprender a ler usando só palavrão?

No final do sonho todo mundo formou um coral (com o Gérson acompanhando na sanfona e o Roger na guitarra) e cantou uma música em minha homenagem. O finzinho da letra era assim:

“Já morreram uns duzentos mil

filhos da nossa mãe gentil.

Mas isso não é problema,

‘E daí?’ é o seu lema

pra salvar o nosso Brasil.”

Ah, Diário, esse foi o meu sonho… Ops! Foi, não. É!

Torero

Fonte: RBA