Já imaginou poder fugir do tempo ruim? É exatamente este o objetivo da startup que criou um novo sistema de navegação de velejadores no Canal de São Sebastião, localizado entre Ilhabela e São Sebastião, no litoral de São Paulo. O serviço foi lançado no ano de 2015 e monitora a direção dos ventos em tempo real, permitindo assim que as pessoas possam velejar melhor e escapar do mau tempo.

A invenção é cuidada pela startup Muito Bons Ventos e a função está sendo testada para operar também em outros lugares, como na lagoa de Araruama, no Rio de Janeiro, e em outros pontos da região Sudeste do país

Quem criou a startup foi Marcelo Barbosa (atua como fundador e sócio da empresa) e o serviço surgiu por conta da necessidade de quando se navegava em alto-mar: “Passei muitos anos velejando ao norte do canal, e sempre tinha a incerteza de como estava o vento. Sabendo da disponibilidade tecnológica para este tipo de serviço, eu comecei a pesquisar para instalar uma estação de medição.”

Após dois anos, o projeto ficou pronto e Barbosa começou a desenvolver de fato a plataforma. Entre 2015 e 2020, foram investidos R$ 600 mil no serviço e em 2021, o esperado é um aporte de cerca de R$ 150 mil.

Veja como funciona

A plataforma possui quatro estações espalhadas nos 25 km do Canal de São Sebastião para coletar os dados públicos, de forma que não tenha interferência. O sistema é automatizado e conta com um sensor por ultrassom, sendo assim, as informações são repassadas a cada minuto para um servidor que projeta o comportamento dos ventos.

Além disso, a startup usa dados de outras empresas de meteorologia parceiras. “Em Ilhabela, temos uma estação meteorológica de um projeto que nos deu autorização do acesso de dados e que nos serve muito. A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) também coleta semanalmente a balneabilidade das praias, e compartilhamos estes dados”, disse Marcelo Barbosa.

startup vento

A invenção fez total diferença para o velejador Atila Bohm, que já navegou em vários lugares nos últimos 40 anos. Ele é de Porto Alegre e hoje mora no Canal de Sebastião: “Para mim, a informação da direção dos ventos é muito importante. Antes do serviço, fazíamos nossa medição olhando pro céu, ou ligando para alguém da praia.”

Ainda mais porque a ausência de monitoramento compromete o planejamento da viagem. A startup pode informar a direção dos ventos numa versão gratuita da plataforma, mas sem ser em tempo real. Sendo assim, as informações são apresentadas com uma hora de atraso.

Para o futuro, a empresa pretende ampliar seu trabalho no Brasil e instalar 100 estações de medição em represas, lagos, rios e litoral até o final deste ano. Além da Lagoa de Araruama, outras quatro estações no Rio de Janeiro irão funcionar: na Ilha dos Coqueiros (região de Angra dos Reis), na Barra da Tijuca, na Marina da Barra e na Baía de Guanabara.

“Estamos em uma parceria com uma empresa de Israel para previsão meteorológica, e no futuro queremos retroalimentar a previsão dos ventos, em método de machine learning [aprendizado de máquina]”, apontou Barbosa.

Fonte: Olhar Digital