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A tecnologia vem ganhando cada vez mais espaço na agricultura e melhorado os resultados das produções. Uma técnica ainda pouco conhecida no Brasil, virou tema de Trabalho de Conclusão de Curso – TCC – de duas acadêmicas de Agronomia da Unigran.

O cultivo indoor produz legumes e vegetais em ambientes fechados como galpões ou salas com ambientes controlados. Isso é possível com o uso de lâmpadas de LED rosas, importadas dos Estados Unidos, que emitem um espectro igual ao da radiação solar para que a planta faça fotossíntese e atinja a clorofila A e B. 

A técnica começou a ser conhecida em 2004, com a fundação da empresa AeroFarms, primeira fazenda vertical situada em Nova Jersey, Estados Unidos. No Brasil, a pioneira Pink Farms fica em São Paulo e virou referência no ramo. Mateus Secretti, coordenador do curso de Agronomia da Unigran, sugeriu o projeto após conhecer a ideia desses lugares. “O cultivo indoor fora do país é uma coisa rotineira. São cultivos mais específicos, o pessoal costuma cultivar extrato de canabidiol, para o tratamento de doenças. Mas a técnica tem ganhado um espaço muito grande na agricultura. Em São Paulo, por exemplo, nós temos galpões de 700 metros produzindo hortaliças do começo ao fim do ciclo para entregar dentro da cidade de maneira orgânica”, explicou.

Conforme Secretti, hoje em dia, nos grandes centros, é observado um distanciamento cada vez maior entre o produtor e a mesa do consumidor. “Muitas vezes o centro de produção de mudas, hortaliças, acabam ficando distantes das cidades e isso agrega valor ao produto”, afirmou. Vendo as necessidades do mercado, o coordenador trouxe a ideia do cultivo indoor para suas orientandas Julia Pael Konrath e Poliana Oliveira Martins, que abraçaram o projeto.

As acadêmicas ainda não conheciam sobre esse tipo de produção e contam que se animaram com a novidade. “Tínhamos uma ideia totalmente diferente para nosso TCC, mas quando o professor Mateus apresentou o conceito da ‘Pink Farm’, apoiamos totalmente porque era uma coisa muito diferente”, conta Julia. 

Apesar da vontade de trabalhar com o cultivo de mudas, Poliana comentou que nada estava muito definido e que o apoio do professor e da Instituição foram fundamentais para guiar o projeto. “Como nós duas já trabalhamos na Embrapa, queríamos muito usar mudas, a sugestão do Mateus deu muito certo. E é bem diferente, não tinha esse material aqui, nunca vimos isso na região, mas solicitamos o material necessário e a Unigran providenciou. É tão novo que não encontramos outras pesquisas que ajudassem na nossa, então tivemos que partir do zero e ir tirando respostas daquilo que procuramos”, disse a estudante.

Os frutos desse trabalho já se mostram positivos, o tempo de produção de uma muda para plantio foi reduzido em praticamente 50%. A sala onde a pesquisa acontece é isolada para que não entre luz solar e a temperatura é cuidadosamente controlada, a luz rosa toma conta de todo o ambiente, não há interferências externas no cultivo. O produtor comum demora entre 20 a 22 dias para conseguir uma muda apta para plantio, as mudas cultivadas por Poliana e Julia ficam prontas em 8 a 10 dias.

O coordenador comemora o sucesso que as meninas vêm alcançando. “Isso é um grande avanço, visto que conseguimos ter um ambiente controlado por luz, com menor incidência de patógenos (organismos que são capazes de causar doença em um hospedeiro). Quando paramos para pensar em sustentabilidade, ou economia de recursos, água e tudo mais, esse sistema acaba sendo muito eficiente”, comentou Secretti.

Entre outras vantagens dessa técnica, também pode se destacar: plantas livres de agrotóxicos e pesticidas, 95% menos água, sem perdas na produção e transporte, não precisa higienizar, sem interferências do clima, hortaliças e legumes mais saborosos. 

Mateus ressaltou ainda a importância do papel da pesquisa para o futuro profissional. “Elaborar o TCC com alguma coisa inovadora, dá a possibilidade para que acadêmicos abram o leque de oportunidades e a visão do que será o dia a dia deles. É bom ver que a Agronomia saiu um pouquinho do campo e entender que a parte de sustentabilidade também é papel de um agrônomo”, concluiu.

Fonte: Dourados News