Ao todo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tem, para analisar, 114 requerimentos contra o presidente da República. O movimento organizado por artistas, influenciadores e apresentadores afirma que o Brasil está seguindo por um caminho de “caos”, “absurdo” e “morte”
Artistas se mobilizaram por mais um pedido de impeachment contra Jair Bolsonaro. Ao todo, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), sente em cima de 114 pedidos de impedimento contra o chefe do Executivo. O novo pedido já acumulava mais de 250 mil assinaturas até o fechamento desta matéria. Entre os apoiadores, subscrevem artistas como Julia Lemmertz, youtubers como Felipe Neto e apresentadores como Xuxa Meneghel e Gregório Duvivier.
A proposta é ser um movimento sem cunho partidário. Os artistas, influenciadores e apresentadores divulgaram vídeos pedindo que as pessoas entrem no site www.vidasbrasileiras.com, assinem o pedido de impeachment e compartilhem o link. A atriz Julia Lemmertz falou sobre a iniciativa em um vídeo. “Junto com outros cidadãos das mais variadas atividades, nós demos entrada, na Câmara dos Deputados, a um pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro”.
“Nós fazemos parte de um movimento que chama Vidas Brasileiras, que não tem motivação político-partidária. E como muitos brasileiros, não aguentamos mais assistir calados e passivos essa escalada de mortes de brasileiros por covid, que é o resultado das omissões e da má gestão da Saúde por esse governo. É muito importante que você assine esse pedido para que ele não seja apenas mais um. Basta de mortes, basta de omissão, basta de silêncio”, afirmou Lemmertz.
Xuxa, por sua vez, disse que o governo Bolsonaro é o principal responsável pelo acumulado de mortes por covid-19. “Eu também faço parte do movimento Vidas Brasileiras. Somos cidadãos brasileiros de todas as áreas, sem motivação partidária ideológica. Queremos salvar vidas. Entendemos que esse governo seja o principal responsável por tantas mortes. E por isso, entregamos um pedido de impeachment do presidente da República por crime de responsabilidade”
Quem entra na página do movimento visualiza, primeiro, um contador com o número de assinaturas, o espaço para que internautas subscrevam o pedido de impeachment e um pequeno texto que afirma que “milhões de assinaturas são nossas vozes que não podem ser ignoradas”. “O Brasil não pode e não tem como seguir no caminho do caos, do absurdo e da morte. Assine pelo Impeachment para que mais vidas não sejam perdidas”, encerra a curta apresentação.
Atos e omissões
O documento, de 42 páginas, apresenta uma série de comportamentos de Bolsonaro, além de ações e omissões do governo na pandemia como motivos para o impeachment. “O Presidente disseminou informações falsas com relação aos riscos da pandemia provocada pelo novo coronavírus, divulgou e incentivou a adoção de “tratamento precoce” consistente no uso de medicamentos sem eficácia comprovada no tratamento da Covid-19, fez afirmações inverídicas acerca da segurança e importância das vacinas”, afirma o pedido em um trecho.
“Ao faltar com a verdade e desinformar a população, o Presidente da República contribuiu para agravar a crise sanitária e econômica e violou, portanto, o direito de todos à informação verdadeira, bem como o direito fundamental dos cidadãos à saúde, o que configura crime de responsabilidade na forma do no artigo 7º, 9, da Lei nº 1.079/1950”, continua o documento
“O Presidente da República desautorizou a aquisição de imunizantes, questionou a segurança de vacinas, atrasando o processo de vacinação da população”, denuncia outro trecho. “Em suas declarações, o Presidente da República violou o decoro e a dignidade de seu cargo e afrontou a honra e a dignidade nacionais”, afirma o texto, que também lembra que Bolsonaro participou e participa de manifestações, provocando aglomerações e incentivando a população a não usar máscara nesses encontros.
Hidroxicloroquina
Pouco mais à frente, o documento lembra que Bolsonaro “determinou a produção, por laboratório do Exército, de hidroxicloroquina”. “O medicamento com perigosos efeitos colaterais, cujo uso no tratamento de Covid-19 não é autorizado pela Anvisa, como já se sabe por força de diversos estudos científicos, é ineficaz no tratamento da doença”, explica o texto.
As omissões do governo em relação às comunidades indígenas do país também aparecem no pedido. “Os povos indígenas do Brasil, que totalizam mais de 800 mil pessoas, distribuídas em mais de 300 sociedades culturalmente distintas, têm sido gravemente afetados pela Covid-19”, alerta o documento. “A doença já chegou a 165 povos indígenas em todo o país em consequência de erros e omissões do governo no enfrentamento à pandemia. Lideranças tradicionais das aldeias têm morrido em virtude da demora ou precariedade de assistência médica”, afirma o texto.
Além disso, de acordo com o Vidas Brasileiras no documento, “órgãos federais encarregados das ações de proteção e saúde das populações indígenas têm sido sistematicamente enfraquecidos, como é o caso da Funai (Fundação Nacional do Índio) e da Sesai (Secretaria Especial da Saúde Indígena)”. “Os dois órgãos não têm qualquer plano de ação emergencial para a proteção das famílias indígenas, sejam as aldeadas ou aquelas que vivem em área urbana. O atraso na vacinação contribui para o agravamento da crise”, alerta o grupo no pedido de impedimento contra Bolsonaro.
Fonte: Correio Braziliense