por Helio Carlos Mello24 janeiro, 2020
Em 1537, o Papa Paulo III, emitiu a Bula Sublimis Deus, percebendo que algo não ia bem na relação espúria com os povos das terras recém ocupadas nas Américas. Reconheceu o Papa que índio era gente e que deviam legitimamente gozar de sua liberdade.
Em 2020, o presidente do Brasil diz que o índio é cada vez mais ser humano. Curioso, não era até então? Me faz refletir, como na Terra plana, se pensam os comandantes que nem todos são gente assim como eu, você, aquele.
A líder indígena, Sônia Guajajara, ser humano, coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, diz que irá à justiça por crime de racismo por parte de Jair Bolsonaro. O presidente demonstra desconhecer a Constituição, diante dos achiques que constantemente faz com os povos indígenas e toda diversidade cultural da nação.
Tuíra Kayapó e Sônia Guajajara
O presidente se diz religioso, próximo aos cristãos. Creio que sim, vi imagem dele até sendo batizado nas águas do Rio Jordão. Como ocorre então tal pensamento, pensar que alguns são menos humanos?
Assinou o Papa a Bula Sublimis, em 1537: nós, que, embora indignos, exercemos sobre a terra o poder de nosso Senhor e buscamos com todas as nossas forças recolher as ovelhas dispersas de seu rebanho no aprisco a nós confiado, consideramos, no entanto, que os índios são verdadeiramente homens e que eles não só são capazes de compreender a fé católica, como, segundo nos informaram, anseiam sobremaneira recebê-la. Desejosos de prover amplo remédio para estes males, definimos e declaramos pela presente Encíclica, ou por qualquer sua tradução assinada por qualquer notário público e selada com o selo de qualquer mandatário eclesiástico, a quem se deve dar os mesmos créditos que às autoridades originais, que, não obstante o que quer que se tenha dito ou se diga em contrário, os ditos índios e todos os outros povos que venham a ser descobertos pelos cristãos, não devem em absoluto ser privados de sua liberdade ou da posse de suas propriedades, ainda que sejam alheios à fé de Jesus Cristo; e que eles devem livre e legitimamente gozar de sua liberdade e da posse de sua propriedade; e não devem de modo algum ser escravizados; e se o contrário vier a acontecer, tais atos devem ser considerados nulos e sem efeito.
imagens por helio carlos mello©
Fonte: Jornalistas Livres