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Um relatório liberado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta o suicídio como uma das principais causas de mortalidade em todo o mundo, na frente de doenças como HIV, malária e câncer de mama, e até de guerras e homicídios.

O diretor-geral da OMS alertou que a atenção e prevenção ao suicídio se tornam ainda mais importantes no contexto da pandemia de COVID-19, que agrava fatores de risco.

Mundialmente, a taxa de suicídio está diminuindo, mas, nas Américas, subindo. Embora alguns países tenham colocado a prevenção do suicídio no topo de suas agendas, muitos permanecem não comprometidos com a pauta.

Para apoiar os países em seus esforços de conter suicídios, a OMS lançou a campanha “LIVE LIFE”, baseada em quatro estratégias que envolvem a limitação ao acesso de armas; educação midiática; educação socioemocional e identificação precoce.

O suicídio continua sendo uma das principais causas de morte em todo o mundo, de acordo com as últimas estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicadas nesta quinta-feira (17), no relatório “Suicide worldwide in 2019”.

Anualmente, mais pessoas morrem como resultado de suicídio do que devido a HIV, malária, câncer de mama, ou, até, guerras e homicídios.

Em 2019, mais de 700 mil pessoas morreram por suicídio: uma em cada 100 mortes, o que levou a OMS a produzir novas orientações para ajudar os países a melhorarem a prevenção do suicídio e atendimento.

“Não podemos – e não devemos – ignorar o suicídio”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde.

“Cada um deles é uma tragédia. Nossa atenção à prevenção do suicídio é ainda mais importante agora, depois de muitos meses convivendo com a pandemia de COVID-19, com muitos dos fatores de risco para suicídio — perda de emprego, estresse financeiro e isolamento social — ainda muito presentes.

A nova orientação que a OMS lança hoje fornece um caminho claro para intensificar os esforços de prevenção do suicídio.”

Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a quarta causa de morte depois de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal. As taxas variam entre países, regiões e entre homens e mulheres.

Índices assustadores – Mais homens morrem devido ao suicídio do que mulheres (12,6 por cada 100 mil homens em comparação com 5,4 por cada 100 mil mulheres).

As taxas de suicídio entre homens são geralmente mais altas em países de alta renda (16,5 por 100 mil). Para mulheres, as taxas de suicídio mais altas são encontradas em países de baixa-média renda (7,1 por 100 mil).

As taxas de suicídio nas regiões da OMS na África (11,2 por 100 mil), na Europa (10,5 por 100 mil) e no Sudeste Asiático (10,2 por 100 mil) eram maiores do que a média global (9 por 100 mil) em 2019.

A mais baixa taxa de suicídio está na região do Mediterrâneo Oriental (6,4 por 100 mil).

Redução desigual – As taxas de suicídio caíram nos 20 anos entre 2000 e 2019, com a taxa global diminuindo 36%, diminuições variando de 17% na região do Mediterrâneo Oriental a 47% na região europeia e 49% no Pacífico Ocidental.

Mas na Região das Américas, as taxas aumentaram 17% no mesmo período.

Embora alguns países tenham colocado a prevenção do suicídio no topo de suas agendas, muitos permanecem não comprometidos com a pauta.

Atualmente, apenas 38 países são conhecidos por terem uma estratégia nacional de prevenção do suicídio.

É necessária uma aceleração significativa na redução de suicídios para cumprir a meta dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) de uma redução de um terço na taxa global de suicídio até 2030.

Campanha LIVE LIFE – Para apoiar os países em seus esforços de conter suicídios, a OMS lançou uma orientação abrangente para a implementação de sua campanha “LIVE LIFE” para a prevenção do suicídio.

As quatro estratégias desta abordagem são:

limitar o acesso aos métodos de suicídio, como pesticidas e armas de fogo altamente perigosos; educar a mídia sobre a cobertura responsável do suicídio; promover habilidades socioemocionais para a vida em adolescentes; e identificação precoce, avaliação, gestão e acompanhamento de qualquer pessoa afetada por pensamentos e comportamentos suicidas.

Proibição de pesticidas – Dado que se estima que o envenenamento por pesticidas causa 20% de todos os suicídios e as proibições nacionais de pesticidas altamente tóxicos e perigosos têm se mostrado eficazes em termos de custo, tais proibições são recomendadas pela OMS.

Outras medidas incluem restringir o acesso a armas de fogo, reduzir o tamanho das embalagens de medicamentos e instalar barreiras nos locais nos quais é possível pular.

Papel da mídia – O guia destaca o papel que a mídia desempenha em relação ao suicídio. A cobertura da imprensa sobre o tema pode levar a um aumento nos casos devido à imitação (ou suicídios por imitação) — especialmente se for sobre uma celebridade ou descrever métodos de suicídio.

A nova orientação aconselha o monitoramento da cobertura de suicídios e sugere que a mídia neutralize relatos de suicídio com histórias de recuperação bem-sucedidas de problemas de saúde mental ou pensamentos suicidas.

Também recomenda trabalhar com empresas de mídia social para aumentar sua conscientização e melhorar seus protocolos de identificação e remoção de conteúdo prejudicial.

Apoio a adolescentes – A adolescência (10-19 anos) é um período crítico para a aquisição de habilidades socioemocionais, principalmente porque metade dos problemas de saúde mental aparecem antes dos 14 anos.

A orientação da LIVE LIFE incentiva ações, incluindo promoção da saúde mental e programas anti-bullying, links para serviços de apoio e protocolos claros para pessoas que trabalham em escolas e universidades quando o risco de suicídio é identificado.

Identificação e acompanhamento – A identificação, avaliação, gestão e acompanhamento precoces aplicam-se a pessoas que tentaram suicídio ou são consideradas em risco.

Uma tentativa anterior de suicídio é um dos fatores de risco mais importantes para um futuro suicídio.

Os profissionais de saúde devem ser capacitados para a identificação, avaliação, gestão e acompanhamento precoces.

Grupos de pessoas que perderam alguém por suicídio podem complementar o apoio fornecido pelos serviços de saúde.

Os serviços de emergência também devem estar disponíveis para fornecer apoio imediato a indivíduos em situação crítica.

A nova orientação, que inclui exemplos de intervenções de prevenção do suicídio implementadas em todo o mundo, em países como Austrália, Gana, Guiana, Índia, Iraque, República da Coreia, Suécia e EUA, pode ser usada por qualquer pessoa que esteja interessada ​​em implementar atividades de prevenção do suicídio, seja em nível nacional ou local, e nos setores governamentais e não governamentais.

“Embora uma estratégia nacional integral de prevenção do suicídio deva ser o objetivo final de todos os governos, iniciar a prevenção do suicídio com intervenções LIVE LIFE pode salvar vidas”, afirmou Alexandra Fleischmann, especialista em prevenção de suicídio da OMS.

Fonte: Dourados Agora