Compreender o sentido da vida é uma das perguntas mais pertinentes da raça humana. Depois de dois casamentos e 6 filhos criados, seu Dirceu lima Ferreira de 74 anos, vive pelo lema: “Eu quero viver e não apenas estar vivo”. Enquanto realiza a sua viagem de Kombi pelo Brasil, com destino a antiga Guina Inglesa, atual Guina, ele estaciona a casa sobre rodas em Campo Grande e compartilha um pouco da sua história com o Jornal Midiamax.
O ex-construtor de pontes, agora aposentado, começou a sua peregrinação há cerca de 4 anos, conhecendo de carona e ônibus todo o litoral do Rio de Janeiro até Fortaleza. “Tenho 74 anos e meus filhos estão todos bem, a inspiração veio dos meus filhos. Eu ficava na casa de um e de outro, causava ciúme entre eles, preferi sair e ter minha vida”, conta.
Há quase 1 ano, o aposentado decidiu realizar o sonho de conhecer a Guiana, pegou a sua Volkswagen Kombi ano 94, e saiu de São Paulo rumo ao desconhecido. “Visitei meus filhos e passei por Rio Preto, Ribeirão Preto e Araçatuba, e desci para Mato Grosso do Sul. A partir daqui, vou subir sentido a Guiana”.
Na Capital, o seu veículo apresentou problemas no câmbio e passa por uma manutenção. Sobrevivendo com os R$ 1 mil mensais da aposentadoria, Dirceu desempenha outros ofícios para manter a vida na estrada. “Vou ficar mais três meses na cidade para repor o dinheiro de emergência, cato alumínio, sou pedreiro e garçom, o que aparece eu vou fazendo”, disse ele.
Com apenas o terceiro ano do primário, equivalente à formação educacional entre 1954 e 1958, o viajante esbanja saúde e até um domínio básico da língua inglesa. “Com toda a certeza, não sinto que tenho essa idade. Me sinto jovem. Sempre quis conhecer a Guina, um dos motivos para treinar meu inglês”, explicou.
Sobre os perigos da vida nômade, Dirceu afirma que toma cuidado e fica sempre em alerta, mas entre viver e ser tomado pelo medo, a escolha é sempre muito clara. “Se deixarmos o medo nos controlar, passamos a vida sem viver”.
A Kombi que se transformou em uma casa móvel, ainda está em construção. É equipada com cama, fogão, frigobar, vaso sanitário, caixa d’água e até placa solar no teto. O veículo teve o motor feito há seis meses e passa por uma manutenção no câmbio.
Depois que a casa sob rodas estiver pronta, o viajante seguirá até a Guiana desenhando o seu próprio destino. Ele ainda apresenta indecisão, mas depois de chegar na Guina, Dirceu pretende conhecer o resto do Brasil ou descer margeando o Pacífico.
Antes de se despedir da equipe de reportagem, o viajante refletiu sobre a sua experiência de vida e deixou uma última mensagem. “Viva sem se preocupar em juntar e acumular. Viva com pouco ou muito, não importa. O que importa e se você é feliz com o que está fazendo”, finalizou.
Fonte: midiamax