PUBLICADO ORIGINALMENTE NO TIJOLAÇO

Três posts atrás pedi que não gastássemos o adjetivo de nazista com o que era simplesmente estupidez.

O que não quer dizer que não chamemos de nazistas ás políticas públicas que têm a finalidade de segregar, desqualificar e humilhar contingentes da população.

É assim esta coisa esdrúxula defendida pelo MEC do senhor Abraham Weintraub de submeter crianças de seis anos de idade a um exame classificatório.

Hoje, o sistema de avaliação vai da 5ª à 9ª séries. Vale dizer, crianças de 10 a 14/15 anos.

Expor crianças de seis anos à obrigação de alcançar um resultado é, simplesmente, uma monstruosidade, um espécie de teste de eugenia aplicado sobre elas.

É absolutamente normal, nesta faixa etária, que deficiências de aprendizado se devam a problemas emocionais, à falta de suporte familiar e até mesmo do próprio desenvolvimento – mais rápido ou mais lento – das habilidades cognitivas.

Eu, que ganho e ganhei a vida escrevendo, aos seis anos, não tinha habilidades na grafia e escrevia uma palavra por página daqueles cadernos horizontais.

Uma criança de seis anos precisa, muito mais do que de provas, de assistência, de reforço nas suas fragilidades, de que a escola não seja um lugar onde ela se sente inferior, mas acolhida.

Dar-lhe nota, “reprovar”, é a melhor maneira de incutir-lhe recalques e até , no caso de famílias mais simples, aplicar-lhes o estigma de que “este daí não dá pros estudos” e estimular a evasão escolar precocíssima.

Ao contrário, tem de ter um apoio extraclasse – os filhos da classe média não têm o “explicador” particular? – e a absoluta percepção de que as dificuldades são naturalmente superadas.

Ou achamos melhor excluir estas crianças do fluxo escolar normal apenas porque escreveram “imprecionante”, com o “C” ministerial?

Fonte: DCM