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A perda do poder aquisitivo causada pela inflação, na prática, exige que sejamos mais cuidadosos em como gastamos nosso dinheiro.

É preciso controlar os gastos e economizar em quase tudo, inclusive nos combustíveis que estão em alta.

Leia o artigo de César Bruns.

A alta dos combustíveis, que estamos vivendo, tem causas e consequências, como tudo na vida.

As principais causas são:

Os países produtores de petróleo reduziram a produção, por conta da queda de demanda provocada pela pandemia.

Hoje estamos em plena retomada da economia mundial, com crescimento de demanda por combustíveis, no entanto, os países produtores aproveitaram para restringir a oferta, e forçar um aumento nos preços do petróleo bruto.

O petróleo internacional é cotado em dólar, moeda que está bem valorizada no Brasil.

A Petrobras, atualmente, tem plena autonomia para definir seus preços, que seguem em paridade com os preços internacionais, o que é correto do ponto de vista econômico.

Isso explica, pelo menos parcialmente, o preço dos derivados do petróleo, mas o que justifica a alta do etanol?

Bem, em primeiro lugar, a produção da cana de açúcar depende de derivados de petróleo, principalmente do diesel.

Além disso, os usineiros estão preferindo produzir o açúcar, que está em alta no mercado internacional, ao invés de produzir etanol.

O aumento dos combustíveis reflete direta ou indiretamente nos custos de produção e de transporte, inflacionando os preços finais da maioria dos produtos.

Para que a inflação não fuja do controle, o Banco Central intervém, aumentando gradativamente a taxa básica de juros, e por aí vai.

A perda do poder aquisitivo causada pela inflação, na prática, exige que sejamos mais cuidadosos em como gastamos nosso dinheiro.

É preciso controlar os gastos e economizar em quase tudo, o que, muitas vezes, implica em uma mudança de hábitos.

O automóvel, por si só, é um importante gerador de despesas, começando pelo alto investimento de aquisição.

Durante a pandemia, alguns componentes eletrônicos usados na fabricação de automóveis tiveram sua oferta reduzida, limitando a produção das montadoras, o que fez o preço dos automóveis disparar. Poucas pessoas chegam a fazer a conta de quanto custa ter e manter um veículo.

A lista é longa: juros, depreciação, seguro, impostos e taxas, revisões, itens de reposição, como pneus, por exemplo, limpeza e manutenção, estacionamento, garagem, combustível, etc.

Em função disso, é crescente o número de pessoas que está desistindo de ter seu próprio veículo. Outros, passaram a utilizá-lo de maneira mais racional.

Além disso, o transporte por aplicativo trouxe uma praticidade que antes não havia. A adoção de outros hábitos, como fazer os pequenos trechos a pé, ou utilizar outro meio de transporte, como a bicicleta, por exemplo, além de muito mais econômico, é também muito mais saudável e sustentável ecologicamente.

Quanto à economia de combustíveis, a indústria está fazendo o dever de casa. A oferta de modelos híbridos – aqueles que combinam motor à explosão com motores elétricos – bem como de modelos totalmente elétricos tem crescido gradativamente.

Algumas marcas já anunciaram que deixarão de fabricar motores à explosão, dentro de alguns anos. Essa é uma tendência considerada irreversível pelos especialistas.

Os veículos híbridos não são recarregados na tomada. É o motor a explosão que recarrega as baterias, auxiliado pela regeneração de energia nas frenagens, o que representa um excelente ganho de economia, principalmente no tráfego urbano.

Os veículos puramente elétricos são recarregados diretamente na rede elétrica e dispensam completamente o uso de combustíveis.

O problema atual é que o preço destes veículos ainda é muito alto, quando comparado com outras tecnologias.

Outra tendência que vêm se consolidando é a utilização, pelos fabricantes de motores à explosão menores e mais eficientes.

Os motores de 8 cilindros praticamente desapareceram. Os de 6 cilindros ainda estão presentes em veículos mais potentes, mas seu uso vem caindo vertiginosamente.

Por outro lado, o uso de motores de 3 cilindros e de baixa cilindrada tem aumentado bastante, graças a incorporação de novas tecnologias, que têm permitido produzir motores econômicos, sem abrir mão da potência e do torque.

Por falar nesses dois itens, as caixas de câmbio também evoluíram, no sentido de melhor aproveitar potência e torque dos motores.

Câmbios automáticos de 6, 7 ou 9 marchas são comuns atualmente.

É inegável, porém, que a tecnologia está deixando os veículos potencialmente mais econômicos, mas um importante fator de economia de combustível – ou de excesso de consumo – está na maneira de dirigir.

A fábrica anuncia 13 km/l e o carro faz 10 km/l, no máximo? A diferença pode estar no estilo de condução, e em alguns outros fatores.

Vamos relembrar algumas recomendações importantes:

Arrancar suavemente e manter “pé-de-pluma” no acelerador. Arrancadas rápidas exigem “pé-no-fundo”, aumentando o consumo.

Evitar acelerações e frenagens bruscas. Há uma maneira de dirigir, acompanhando o fluxo, que evita ter que ficar acelerando e freando constantemente.

Mantenha os pneus calibrados corretamente. Pneus com pressão insuficiente aumentam o consumo. Sempre calibrar na hora de abastecer é um bom hábito.

Acione o ar-condicionado somente quando necessário.

Não transporte peso extra desnecessariamente. Livre-se dos objetos que nem você sabe por que estão no porta-malas.

Cuidados com o motor:

A vida útil do filtro do purificador de ar do motor é relativamente curta. Um motor 1.0 “suga” mais de 60 mil litros de ar por hora, quando está em marcha lenta.

Todas as impurezas, principalmente poeira e fuligem, ficam retidas no elemento de papel do purificador, e o acúmulo dificulta a passagem do ar, tirando potência do motor.

As velas do motor são responsáveis pela completa queima de combustível, e isso só acontece enquanto elas estiverem em bom estado.

Não espere o nível de combustível chegar na reserva para abastecer. As impurezas se concentram no fundo do tanque.

Nas estradas

Quanto maior a velocidade, maior o consumo. A resistência do ar cresce com o aumento da velocidade, porém, de forma desproporcional.

Por exemplo, quando um carro aumento sua velocidade de 110 para 140 km/h, o que representa um aumento de 27%, no entanto, nessas mesmas condições, a resistência do ar aumenta em 67%.

Esse aumento na resistência do ar precisa ser vencido com maior dispêndio de energia e de combustível. Mantenha as janelas do veículo fechadas.

Trafegar em velocidade com as janelas abertas causa uma turbulência que provoca maior arrasto aerodinâmico, e maior consumo de combustível.

O correto em relação à velocidade para se transitar em estradas é estabelecer uma velocidade de cruzeiro econômica e segura, bem como tentar manter essa velocidade da forma mais estável possível.

Evite transportar objetos fora em cima do teto do veículo, pois esse tipo de carga aumenta o arrasto aerodinâmico, piorando o consumo de combustível.

Controlar o consumo, calcular e anotar as médias a cada abastecimento certamente é um bom hábito.

Qual combustível utilizar, gasolina ou álcool? Tecnicamente, o etanol produz um pouco mais de potência do que a gasolina, mas é menos eficiente economicamente. Nesse sentido, aceita-se o fato de que o etanol tem uma eficiência de 70% quando comparado com a gasolina. Isso significa que, para empatar em custo, o preço do álcool na bomba deveria ser inferior a 70% do preço da gasolina.

Por exemplo, se a gasolina na bomba estiver a RS 6,70 por litro, o preço do litro de álcool, para valer a pena, teria que ser inferior a R$ 4,70. Atualmente (setembro/21), a diferença está em torno ou superior a 80%. Isso significa que abastecer com gasolina é mais econômico, apesar do preço por litro ser maior.

Estes são parâmetros gerais, obtidos em testes realizados inicialmente pelo Inmetro e posteriormente por empresas especializadas, e podem variar de um modelo para o outro, mas essa variação não é muito significativa.

Outra diferença fundamental entre o álcool e a gasolina está na origem. A gasolina é um derivado do petróleo, portanto um combustível fóssil, considerado um vilão em termos de sustentabilidade, pois o consumo de combustíveis fósseis joga milhões de toneladas de CO2 na atmosfera.

Em contraste a isso, a produção de cana-de-açúcar retira carbono da atmosfera, em uma quantidade maior do que a queima do álcool devolve. Isso porque parte da produção é destinada à fabricação de açúcar e parte do CO2 retido pela biomassa.

Sob este ponto de vista, consumir etanol é uma prática ambientalmente sustentável, enquanto consumir derivados de petróleo não é.

*César Bruns é diretor-presidente da Tecnodata Educacional

Fonte: Dourados Agora