Estudo inédito do Banco Mundial ouviu mais de 22 mil servidores brasileiros, de diferentes níveis hierárquicos, de todos os ministérios e unidades federativas, sobre sua percepção sobre ética e corrupção.

O resultado mostrou que a maioria deles (58,8%) já presenciou algum tipo de ação antiética ou de corrupção durante sua carreira. Entre os atos mais relatados, estão o uso da posição para ajudar amigos ou familiares e não seguir as regras por pressão de superiores.

No entanto, 51,7% não se sentem seguros para denunciar uma conduta ilícita, ainda que o Estatuto do Servidor Público determine ser obrigação do mesmo denunciar atos antiéticos e de corrução. 

O impacto das práticas antiéticas para o bom funcionamento do serviço público brasileiro é tópico de debate antigo no país. Mas pela primeira vez, um estudo fez essa pergunta aos próprios servidores públicos. 

Lançada este mês pelo Banco Mundial, a pesquisa “Ética e Corrupção no Serviço Público Federal – a Perspectiva dos Servidores” ouviu mais de 22 mil servidores, de diferentes níveis hierárquicos, de todos os ministérios e unidades federativas. O resultado mostrou que a maioria deles já presenciou algum tipo de ação antiética ou de corrupção durante sua carreira.

“Nosso intuito era entender como as práticas antiéticas e de corrupção são percebidas pelos servidores públicos, de forma a ajudar o Governo Federal a aprimorar suas políticas públicas e fortalecer mecanismos que atenuem a corrupção,” explica o especialista senior em Governança e líder da pesquisa, Daniel Ortega. 

O resultado indica que 58,7% dos servidores já testemunhou um ato de corrupção ou antiético durante a sua carreira. Entre os atos mais relatados, estão o uso da posição para ajudar amigos ou familiares e não seguir as regras por pressão de superiores. 

A pesquisa aponta ainda que quase metade dos servidores públicos acredita que servidores praticam atos antiéticos. No entanto, a maior parte tem a percepção de que são poucos os funcionários envolvidos (34,5%). 

Servidores inseguros – Denunciar atos de corrupção não é tarefa fácil. De acordo com a pesquisa, 51,7% dos servidores públicos não se sentem seguros para denunciar uma conduta ilícita, ainda que o Estatuto do Servidor Público determine ser obrigação do mesmo denunciar atos antiéticos e de corrução. 

Apenas um terço dos entrevistados que reportou ter observado um ato antiético declarou ter feito algum tipo de denúncia. Mas entre eles, 41% disse que o processo não foi adiante e 27,4% afirmou ter sofrido algum tipo de retaliação. 

O resultado indicou ainda que  54,5% dos entrevistados afirmaram conhecer o programa de integridade da sua organização, mas apenas 31,3% dos servidores relataram terem sido treinados por sua organização para usar o instrumento, indicando uma possível lacuna entre conhecer a existência e receber treinamento em tais programas. 

Para reverter esse cenário, o estudo sugere um maior investimento em treinamento para usar o programa de integridade. Segundo os dados colhidos, os dirigentes das organizações promovem programas de integridade de forma limitada: apenas 36% dos servidores públicos afirmaram que sua instituição promove sessões sobre o programa regularmente.

Medidas contra corrupção – Como parte de uma segunda etapa, Ortega e sua equipe pretendem esmiuçar ainda mais os dados. A ideia é poder promover esse tipo de levantamento de forma regular e com participação ainda maior dos servidores.

“O fato de o governo ter facilitado essa pesquisa com os servidores mostra que há intenção usar evidencia para aprimorar politicas publicas. Esperamos poder conduzir mais pesquisas e, assim, contribuir para combater a corrupção”, afirma.

Para ler a pesquisa na íntegra, clique aqui.

Fonte ONU

Fonte: Dourados Agora