Valdinei Garcia

O primeiro complexo de uma Vila olímpica Indígena do Brasil, construído na aldeia Jaguapiru, em Dourados, completa quase uma década de abandono. Algumas atividades funcionaram no espaço em curto período, mas sem gestão, foi esquecido e depredado por vândalos. 

Inaugurada em 2011, a Vila Olímpica conta com quadra poliesportiva, campo de futebol, pista de atletismo, quadra de vôlei de areia, parque infantil, vestiários, banheiros adaptados e prédios administrativos. O Ministério do Esporte investiu R$ 1,4 milhão no projeto da Vila, que está em ruínas. 

Na época, o Guarani Caiuá Caio Isnarde tinha 10 anos e ficou feliz com o complexo esportivo.  Ele sonhava treinar basquete para defender o Brasil em campeonatos nacionais e mundiais. Hoje, aos 20 anos, Caio presencia uma vila olímpica abandonada e com poucos recursos para formação de atletas. 

Somente a quadra poliesportiva e a sala de administração estão em condições de uso. Os banheiros foram depredados há seis anos, desde então foram inutilizados. O ‘elefante branco’ bem no meio da maior reserva indígena urbana do país tinha como objetivo oferecer aos indígenas atividades esportivas no contraturno escolar. Logo após inaugurado, equipe de professores desenvolveram diversas atividades no local. Tudo parou em pouco tempo.

Os portões do complexo esportivo ficam abertos o dia todo, mas raramente se vê alguém por lá. O parquinho infantil está destruído e estruturas enferrujadas colocam em risco quem passa pelo local. Salas multifuncionais que até então eram projetadas para desenvolver ações de cultura nunca foram utilizadas e o que se vê no local é um rastro de destruição.

Sem ajuda do Estado e da Prefeitura, moradores da aldeia fazem mutirão de limpeza. A iniciativa parte principalmente de professores, diretores das escolas indígenas, cozinheiras e voluntários da reserva indígena. 

O ex-coordenador da Ceaid (Coordenadoria Especial de Assuntos Indígenas), Macleison Verá, com o apoio da Redecoor (Rede de coordenadorias da prefeitura municipal de Dourados) e Financial Construtora também já realizou mutirão de limpeza, contudo, como a estrutura está bastante depredada, o local não recebe visitação dos moradores. 

Ainda assim, o evento miss e mister Indígena de beleza  é realizado no complexo desde 2014 e sempre conta com a presença de diversos convidados locais da reserva indígena e por representantes de diferentes órgãos da cidade de Dourados. 

Assim que foi inaugurado, a Prefeitura de Dourados chegou a administrar o espaço, mesmo a Reserva Indígena sendo de responsabilidade do Governo Federal. Havia a expectativa de que a Funai (Fundação Nacional do Índio) pudesse intermediar junto ao Governo uma parceria com a Prefeitura, para a promoção de projetos. Uma década se passou e até agora nada foi feito. (Colaborou Valdinei Garcia de Carvalho)

Fonte: Dourados Agora