Criminosos estão vendendo acesso a uma base de dados que contém informações pessoais completas de milhões de brasileiros, inclusive do presidente Jair Bolsonaro e dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). As informações são da Folha de São Paulo, apontando que os dados pessoais de outras autoridades, como Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, e Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, também se encontram disponíveis para acesso.
Os criminosos vendem o acesso à base de dados por R$ 200. Eles montam seus painéis usando informações que vêm da Receita Federal e de outros órgãos, como a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), a Receita Federal, o Cadastro Nacional de Usuários do SUS (CadSUS), o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e até da Polícia Federal.
Até foto da CNH de Bolsonaro pode ser acessada
Segundo a reportagem, funcionários públicos vendem acessos aos bancos de dados das instituições para tais criminosos, que montam os bancos de dados dos sites e vendem o acesso para o comprador final. Um login e uma senha são o suficiente para consultar informações atualizadas de pessoas de qualquer parte do país.
Buscando por informações pessoais de Jair Bolsonaro na opção de busca pelos dados de CNH, é possível encontrar CPF, RG, assinatura, número da carteira de habilitação e até foto do documento. Na busca pelo cadastro do SUS, além de dados básicos como CPF e nome dos pais, também há informações do presidente sobre sua raça, telefones, número da Carteira Nacional de Saúde (CNS) e o seu endereço no Palácio da Alvorada.
Os dados pessoais de Bolsonaro, dos ministros do STF e de outros políticos também estavam no vazamento de mais de 220 milhões de dados pessoais ocorrido no início do ano – o número corresponde também a informações pessoais de pessoas já falecidas. A diferença, segundo os vendedores, é que os painéis oferecem conteúdos atualizados em um período que varia de alguns dias a cerca de um mês, além de não dependerem de vazamentos anteriores.
O advogado João Paulo Martinelli, professor do Ibmec-SP, explica que, caso o vazamento de dados de chefes de poderes seja uma ameaça à sua integridade, os responsáveis podem ser acusados de crime contra o Estado democrático de Direito. Além disso, por serem servidores públicos, aqueles que vendem os acessos podem ser acusados de violação do sigilo funcional.
A matéria da Folha não diz precisamente em que locais da internet os painéis se encontram, nem se os dados pessoais vazados estão sendo vendidos na dark web ou na internet comum. Porém, em audiência realizada esta semana no Senado, Emilio Simoni, executivo-chefe da empresa de segurança digital PSafe afirmou que a comercialização de dados pessoais é feita na deep web e até mesmo na internet normal.
No debate que tratou sobre o mega vazamento do início do ano, o representante da PSafe informou que a empresa realizou o monitoramento de fóruns, ofertas de vendas de dados (de empresas e individuais), identificando um site na internet utilizado para consulta por nome, CPF, endereço.
Fonte: Olhar Digital