Fonte ONU
A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um guia para melhorar o tratamento de meninas e mulheres que passam por complicações devido a aborto inseguro. Segundo a organização, apesar de muitas meninas e mulheres morrerem ou lidarem com consequências de curto e longo prazo por abortos inseguros, não há ainda muitas informações disponíves que possam salvar vidas em caso de complicações.
Para acabar com essa lacuna, o sistema da ONU de pesquisa em reprodução humana (HRP), a OMS e parceiros publicaram novos dados sobre o tema na última edição da Revista Internacional de Ginecologia e Obstetrícia.
Fortalecendo a pesquisa – A pesquisa sobre aborto da OMS e HRP reuniu evidências na prestação, experiência e qualidade do cuidado, baseada em um estudo conduzido em 17 países da África, América Latina e Caribe. O complemento especial, lançado em janeiro deste ano, destacou o trabalho em 11 países da África Subsaariana. Em 2021, já haviam haviam sido publicadas algumas conclusões sobre os 6 países latinoamericanos pesquisados.
Para a médica oficial da OMS e do HRP, Özge Tunçalp, esse complemento mostra o quão longe ainda temos que ir para garantir qualidade e respeito no cuidado pós-aborto para todas. Também prova o quanto podemos aprender quando nos compremetemos a trabalhar juntos. “Nos 11 países, o conhecimento foi adquirido e a capacidade de pesquisa foi fortalecida”, conta Tunçalp.
Melhorando os padrões – Para garantir a saúde e bem estar de meninas e mulheres que enfrentam complicações após aborto, é crucial entender o que funciona na gestão clínica e cuidados. Além de prover isso, a publicação também explora experiências de adolescentes e mulheres no acesso ao suporte em ambientes inseguros.
Para o estudo, foram coletados dados de mais de 23 mil mulheres que procuraram centros médicos por causa de complicações relacionadas ao aborto. Enquanto que a maior parte teve complicações moderadas ou leves, muitas tiveram problemas severos e com risco de vida, particularmente na África Subsaariana.
Protegendo a autonomia dos corpos – Uma abordagem completa do cuidado do aborto e do pós-aborto inclui cuidados clínicos, autocuidado, compartilhamento de tarefas na prestação de cuidados e estruturas legais que apoiam os sistemas de saúde.
Tudo isso é crítico para a entrega de um cuidado de alta qualidade, que também compreende acesso a uma variedade de opções de contracepção acessíveis e aceitáveis – chave para garantir os direitos humanos na saúde e na autonomia dos corpos.
A publicação também mostra que os países precisam agir rápido para garantirem que os provedores e sistemas de saúde melhorem seus padrões de qualidade de cuidado para meninas e mulheres.
África Subsaariana – Uma parte do estudo se dedicou a destacar ações importantes que aqueles no poder na África Subsaariana precisam tomar para fazer a diferença, como o aumento da qualidade de serviços de aborto em todos os níveis da saúde.
Outros passos incluem a melhoria da qualidade dos cuidados pós-aborto baseados em evidências, no qual provedores de saúde usem práticas recomendadas; fiscalizem a disponilibilidade de equipamentos e suplementos; e conduzam auditorias clínicas para entender melhor porque as complicações de saúde acontecem.
Também é recomendado identificar e utilizar intervenções que vão além do sistema de saúde, como abordar os valores prejudiciais mantidas por profissionais de saúde; reconhecer e abordar os constrangimentos dos sistemas de saúde; e garantir que meninas e mulheres sejam empoderadas.
Números – Segundo a OMS, 73 milhões de abortos induzidos acontecem anualmente em todo o mundo. Procedimentos inseguros são a principal causa de morte e sequelas entre as mulheres.
A agência afirma que os casos poderiam ser evitados com acesso ao atendimento adequado, no tempo correto, e financeiramente acessíveis.
Assim, a agência entende que a falta de cuidados gera um problema de saúde pública e violações aos direitos humanos.
Abortos conduzidos de forma equivocada podem causar complicações físicas e mentais, além de problemas sociais e financeiros para mulheres, comunidades e sistemas de saúde.
Seis em cada 10 das gestações não planejadas acabam em abortos. Desses, 45% não são feitos de forma correta. Quase a totalidade de procedimentos inseguros acontecem em países em desenvolvimento.
Fonte: Dourados Agora