O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou em reunião com prefeitos, que repassa verbas para municípios indicados por dois pastores, a pedido do presidente Jair Bolsonaro.
Milton Ribeiro, afirmou em uma gravação que prioriza o orçamento de cidades escolhidas por um pastor a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL). As pessoas que no áudio são tidas como importantes influenciadoras nas decisões sobre orçamentos liberados pelo MEC (Ministério da Educação) não têm cargo no governo e atuam em um esquema informal de repasse de recursos às cidades.
No áudio gravado durante a reunião, é possível ouvir a fala do ministro e a menção dos dois pastores. A gravação obtida pelo jornal Folha de São Paulo foi revelada nesta terça-feira (22). Os pastores citados no áudio, Gilmar Santos presidente da Conimadb (Convençãp Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil Cristo Para Todos) e Ariton Moura também é da Assembleia de Deus, faziam parte desses repasses.
Conforme a apuração do G1, na semana passada, o jornal “O Estado de S. Paulo” publicou reportagem onde informava que o Ministério da Educação tem um “gabinete paralelo” de pastores que controlam a agenda e a verba do ministério.
O jornal afirmou ainda que Gilmar Santos e Arilton Moura têm trânsito livre no ministério e atuam como lobistas. Em 2021 os dois se reuniram 18 vezes com Milton Ribeiro, de acordo com registros oficiais. A agenda do ministro afirma que esses encontros eram de “cortesia” ou para tratar de “obras” ou de “alinhamento político”.
Vale lembrar que o governo Bolsonaro é marcado por cortes de recursos da educação e pelos menores investimentos da década na pasta, nos dois primeiros anos da sua gestão. Procurado, o Ministério da Educação não informou as circunstâncias em que o áudio foi gravado, como data e local, mas que deve divulgar uma nota sobre o assunto ainda nesta terça-feira (22).
Reação da oposição
Conforme G1, nesta terça-feira (22), a oposição apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) notícia-crime contra o presidente Jair Bolsonaro e Milton Ribeiro por suposto favorecimento indevido a pastores. No documento, o líder da Minoria, deputado Alencar Santana Braga (PT-SP), pede que, se confirmadas irregularidades, Milton Ribeiro seja afastado do cargo.
“O Ministério da Educação não pode ser utilizado como instrumento de propaganda ideológica do governo federal, muito menos como um local para troca de favores e agrados a aliados do presidente da República”, afirma o pedido da oposição.
O senador Fabiano Contarato (PT-ES) também informou ter apresentado ao STF uma notícia-crime na qual pediu a investigação de Milton Ribeiro e a abertura de um inquérito pela PGR. O PSOL informou que vai enviar uma representação para o Ministério Público para pedir que o ministro e Bolsonaro sejam investigados, além dos dois pastores.
“A atuação do ministro Ribeiro, seguindo as diretrizes de Bolsonaro e seus apoiadores mais influentes, longe do que preconiza a boa atuação do servidor público, atende a interesses particulares e pessoais, e não ao interesse público”, afirmou o PSOL na representação. O partido diz ainda que podem ter sido cometidos os crimes de tráfico de influência, prevaricação e advocacia administrativa.