Com aumento da violência entre alunos, responsáveis questionam a autoridade do professor em sala

Casos de briga entre alunos ocorridos dentro de salas de aulas (Imagem: Rerprodução)
Casos de briga entre alunos ocorridos dentro de salas de aulas (Imagem: Rerprodução)

Alunos de escolas públicas retornaram com os ânimos exaltados após quase 1 ano e meio sem aulas presenciais, transformando a escola em ambiente de confronto e troca de agressões físicas.  Apenas em março, o Campo Grande News noticiou duas brigas entre estudantes em unidades de educação da Capital.

Em comum entre os casos, além da violência, foi o questionamento dos pais em relação à atitude do professor em sala de aula, que não apartaram as brigas.

“Tenho um filho que estuda nessa escola no período da tarde e temo pela segurança dele, haja vista que o professor não teve nenhuma atitude para apartar a briga”, disse um pai. “Ver o professor agindo como se nada tivesse acontecido e ninguém tomando providências, sem punição, me deixa em alerta quanto a segurança de todos”, reclamou outra responsável. Ambos não tiveram os nomes revelados.

Sem uma orientação definitiva de como o professor deve agir diante de troca de agressões entre alunos, a Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), orienta a comunidade escolar (funcionários, alunos e pais) a fazer um trabalho de prevenção para que não ocorra violência em sala.

“As escolas tem autonomia para fazer projetos políticos pedagógicos com toda a comunidade e coordenação. No inicio de todo ano letivo é feito uma leitura das regras com os alunos, a fim de mostrar quais as consequências de atitudes agressivas, discutindo de forma democrática sobre os direitos e deveres dos alunos, bem como da instituição”, afirmou o presidente da entidade, professor Jaime Teixeira.

De acordo com Teixeira, um dos pontos que contribuem para que as agressões ocorram sem intervenção dentro da sala de aula é a falta de experiência de alta rotatividade de professores. “Esse é um dos motivos que defendemos concursos públicos, um professor efetivo passa muitos anos na mesma escola e melhora e interatividade com os alunos, principalmente com adolescentes. Mas nesse momento tem muitos convocados que não tem domínio de classe para lidar com os conflitos”, aponta.

Docentes que lidam com crianças conseguem contornar esses problemas de forma mais fácil, pois os pequenos se intimidam diante das regras e combinados estabelecidos pelo grupo. Já no caso de adolescentes o problema se torna complicado, pois não aceitarem bem as regras, principalmente após o isolamento social provocado pandemia da covid-19.

“Observamos que os adolescentes voltaram com uma carga muito alta depois desses um ano e meio sem aulas presenciais. Mas não somente no ambiente escolar, a violência aumentou em todo o Brasil. Não temos orientação geral de como professor deve agir, mas a escola tem que ser a mais democrática possível, todos os alunos tem que ser ouvidos para difundir a cultura da paz”, explica o presidente da Fetems.

Como as situações relatadas ocorreram em unidades estaduais, a SED (Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul) foi procurada pela reportagem para informar se há algum tipo de orientação aos professores em caso de troca de agressões entre alunos, mas até a publicação da reportagem não houve retorno.