Dos R$ 396 milhões destinados à construtora, o segundo maior valor no ano passado, mais de R$ 270 milhões foram indicados via emenda de relator
A empreiteira Engefort, que tem dominado a maioria das licitações de pavimentação de asfalto no governo Jair Bolsonaro, recebeu 70% do dinheiro por meio do orçamento secreto. Dos R$ 396 milhões destinados à construtora, o segundo maior valor no ano passado, R$ 272,3 milhões foram indicados via emenda de relator, formato no qual os autores das destinações do dinheiro público não são identificados. A Engefort, sediada em Imperatriz (MA), participou sozinha de concorrências ou na companhia de uma empresa de fachada. Os valores foram publicados nesta quarta-feira (13) pelo jornal O Globo.
De acordo com a reportagem, dos R$ 272,3 milhões repassados via orçamento secreto, apenas R$ 22 milhões tiveram seus autores identificados. Na lista de padrinhos dessas emendas de relator, estão o ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (União-AP), os deputados Juscelino Filho (União-MA), Margarete Coelho (PP-PI) e o senador Angelo Coronel (PSD-BA).
O governo Bolsonaro montou, no final de 2020, um orçamento secreto no valor de R$ 3 bilhões em emendas para reforçar o apoio da base bolsonarista no Congresso. O esquema teria sido elaborado após a aproximação do Planalto com os partidos do centrão.
A Engefort fez reuniões sem registro em atas com Alcolumbre e o então titular do Ministério do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.
Aliada do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a deputada federal Margarete Coelho (PP-PI) também destinou dinheiro para uma obra de pavimentação na cidade de São Raimundo Nonato, no Piauí. A congressista afirmou que não conhecia a Engefort, empresa responsável pela obra.
“Nunca tomei conhecimento de quem venceu a licitação para executar obras com emendas que eu tenha indicado. Fiz meu papel de indicar e me interesso na obra pronta e entregue à população”, disse.
A Engefort ficou mais conhecida graças a obras da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), estatal dominada pelo Centrão e ligada ao Ministério do Desenvolvimento Regional.
O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu na segunda-feira (11) que a corte de contas monitore as obras.
Angelo Coronel afirmou que apenas indicou os municípios que seriam beneficiados com a medida, mas que não interferiu no resultado da licitação que terminou com a Engefort como vencedora.
A Codevasf disse que suas concorrências seguem a legislação, exigindo o mesmo dos licitantes.
Fonte: Brasil 247